Alessandra Munduruku, indígena que foi à COP26, sofre ataque político, diz advogada

Líder teve a casa invadida e foram furtados documentos, além de R$ 4 mil em espécie, dinheiro que seria usado para assembleia do Povo Munduruku

Reprodução/site Amazônia Legal
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A casa da líder indígena Alessandra Korap Munduruku, uma das mulheres brasileiras que se destacou na 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26), foi invadida e furtada entre a noite de sexta-feira (12) e a manhã desde sábado (13).

Alessandra, que chegou de Glasgow, na Escócia, na terça-feira (9), não estava em casa, nem os dois filhos e o marido, justamente por temer pela sua segurança.

Segundo informações do portal Amazônia Real, a Polícia Federal fez uma perícia na residência nesta manhã em busca de provas e pistas dos criminosos. Há suspeitas de crimes de furto e invasão de domicílio, dano, ameaças e intimidação por motivação política.

O Boletim de Ocorrência, ao qual a reportagem teve acesso, afirma que criminosos quebraram uma janela e roubaram pastas com documentos e dinheiro, além da memória da câmera de segurança. Havia mais de R$ 4 mil em espécie, dinheiro que seria usado para assembleia do Povo Munduruku.

Ataque pode ter sido premeditado

Este não é o primeiro ataque do qual Alessandra é vítima. Em 2019, a líder teve sua casa invadida, também em Santarém, no Pará. Documentos e relatórios pessoais e de trabalho foram furtados. Ninguém foi preso.

“Entraram de novo lá em casa, de novo, eu estava sentindo que ia acontecer alguma coisa, por isso que eu tinha que sair de Santarém. Tinha uma coisa estranha acontecendo ao redor e eu [pensei] não vou dormir aqui com essas crianças não”, disse Alessandra aos amigos.

Ela também relatou que, no dia 10 de novembro, um homem foi até a residência dizendo que era da companha de energia elétrica e que precisaria cortar a luz. Alessandra desconfiou, já que a conta estava paga. No final da tarde, a empresa Equatorial religou a luz, mas a líder indígena já estava com uma sensação ruim e decidiu sair de lá.

A assessora jurídica Luísa Câmara Rocha, da Terra de Direitos, que defende a líder, disse à Amazônia Legal que a empresa Equatorial informou que não houve aviso de corte de energia para a casa, o que levantou suspeitas de uma relação entre os fatos e o ataque. 

“Me parece uma nítida intimidação, um crime político em referência a repercussão nacional e internacional do discurso que Alessandra fez na COP26 enquanto liderança”, afirma a advogada, lembrando que a primeira invasão que a líder sofreu foi após ela voltar de Brasília, em 2019, quando fez denúncias sobre as invasões aos territórios Munduruku e os projetos de mineração que tramitam no Congresso Nacional.

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