O absurdo do Ministério da Saúde sobre a liberação ou não da vacinação de crianças contra a Covid ganha, a cada minuto que passa, mais uma amostra do amadorismo - ou seria método? - da pasta diante de assunto tão importante.
Após afirmar que apenas os pais poderiam decidir sobre a vacinação de seus filhos - o que contraria o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) - o ministro Marcelo Queiroga anunciou uma consulta pública sobre a questão.
Também considerado um absurdo, pois, questões de ciência e outras imunizações de crianças nunca passaram pelo crivo de uma consulta pública.
Porém, como tudo advindo desse governo pode piorar: o modelo usado pelo Ministério da Saúde é do Office, que tem um limite para receber até 50 mil respostas e não possui segurança para ações de bots, ou seja, qualquer um pode responder e quantas vezes quiser.
Nas redes, o perfil Tesoureiro chamou atenção para isso:
"Ministério da Saúde finalmente lança consulta pública. Num formulário do Office. Com perguntas confusas, elaboradas com viés anti vacina. Sem validação de CPF. Sem LGPD. Bots podem votar quantas vezes quiserem. Ah, e a enquete saiu do ar após receber 50 mil votos".
Em outro tuite, o perfil ironizou o fato de ser o Ministério da Saúde, um dos mais importante a cometer tal erro.
"MAS QUEM DIRIA QUE RODAR UMA CONSULTA PÚBLICA DO GOVERNO FEDERAL SOBRE UM TEMA DE INTERESSE NACIONAL EM UM FORMULÁRIO DO OFFICE DARIA ERRADO NE?".
Lula compara Queiroga ao Rei Herodes, personagem bíblico que mandou matar crianças
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reagiu em sua conta do Twitter, nesta sexta-feira (24), de maneira indignada em função do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, tentar adiar a vacinação de crianças contra a Covid-19.
“O presidente da Anvisa tem razão ao querer proteger a instituição, a ciência e as crianças na pandemia, respeitando o bom senso”, completou Lula.
‘Dentro de um patamar’
Queiroga declarou, nesta quinta-feira (23), que “os óbitos de crianças estão dentro de um patamar que não implica em decisões emergenciais”. Por isso, segundo ele, a pasta não precisa iniciar rapidamente a imunização contra a Covid-19 para a faixa etária de 5 a 11 anos.
O país contabilizou a morte de 301 crianças entre 5 e 11 anos em consequência do coronavírus desde o começo da pandemia até 6 de dezembro. O dado corresponde a 14,3 óbitos por mês ou um a cada dois dias. As informações são da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização da Covid-19 (CTAI).
Essa faixa etária deveria estar sendo vacinada desde que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso do imunizante da Pfizer na última semana. Entretanto, o Ministério da Saúde não deu o aval para o início da vacinação.
Queirodes
Queiroga recebeu nas redes nesta semana o apelido de “Queirodes”, em referência ao personagem bíblico Herodes, rei tirano que mandou matar bebês em Belém —atual Palestina.