Anistia Internacional diz que guerra ao terror globalizou violações de direitos humanos

O documento diz que cinco anos após o 11 de setembro, surgem evidências de como o governo dos Estados Unidos tratou o mundo como se fosse um campo de batalha para a sua guerra ao terror.

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Por Irene Lôbo, da Agência Brasil 

Numa alusão indireta aos Estados Unidos, a Anistia Internacional divulgou hoje (23) o seu Informe 2007 em que avalia que a “guerra ao terror” e a guerra no Iraque teriam criado uma situação de abuso dos direitos humanos, dificultando a resolução dos conflitos e a proteção dos civis. A organização avalia anualmente como andam os direitos humanos em todo o mundo. O informe de 2007 mostra a situação entre janeiro e dezembro de 2006.

O documento diz que cinco anos após o 11 de setembro, surgem evidências de como o governo dos Estados Unidos tratou o mundo como se fosse um campo de batalha para a sua guerra ao terror. “Nada representou melhor a globalização das violações de direitos humanos do que a guerra ao terror liderada pelos Estados Unidos”, disse, no relatório, a secretária-geral da Anistia Internacional, Irene Khan.

O documento também critica as Nações Unidas, que teriam levado semanas para pedir um cessar-fogo no Líbano, o que ocasionou a morte de 1,2 mil civis. “A comunidade internacional não teve a coragem necessária para enfrentar o desastre de direitos humanos que resultou das severas restrições à liberdade de circulação dos palestinos nos Territórios Ocupados, dos incansáveis ataques do Exército israelense e das lutas entre as facções de grupos palestinos”, diz um trecho do documento.

O relatório faz menção aos dois países onde os conflitos armados são mais conhecidos, o Afeganistão e o Iraque. Em relação ao primeiro, o informe diz que a comunidade internacional e o governo afegão perderam a oportunidade de construir um Estado baseado nos direitos humanos. Já no Iraque, o documento acusa as forças de segurança de incitarem a violência sectária, ao invés de contê-la.

“As piores práticas do regime de Saddam Hussein – a tortura, os julgamentos injustos, a pena capital e os estupros cometidos impunemente – estão tão vivos quanto antes”, afirma um trecho do documento. Em relação à África, o informe diz que centenas de milhares de pessoas foram expulsas à força de suas casas, sem receber compensação nem alternativa de alojamento. O documento fala ainda da situação dos refugiados na Europa Ocidental, das divisões entre muçulmanos e não-muçulmanos e do xenofobismo disseminado em alguns países, como a Rússia.

A Anistia Internacional pede que os governos rejeitem as políticas do medo e invistam em instituições de direitos humanos e num Estado de direito. “Em diversos países, novos líderes e novas legislaturas que assumiram o poder têm nas mãos a oportunidade de corrigir as falhas daquelas lideranças que tanto obscureceram o cenário dos direitos humanos nos últimos anos”.

O informe pede a solidariedade global e o respeito pelo direito internacional como forma de eliminar os atentados aos direitos humanos no mundo.

Agência Brasil