A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu nesta sexta-feira (5) uma nota em resposta às ameaças feitas pelo presidente Bolsonaro (PL) durante a sua live de que iria divulgar os nomes dos técnicos que votaram a favor da vacinação infantil contra a Covid.
"Em relação às declarações do Sr. Presidente da República durante “Live” em mídia social no dia 16 de dezembro de 2021 a Agência Nacional de Vigilância Sanitária comunica: A Anvisa, órgão do Estado Brasileiro, vem a público informar que seu ambiente de trabalho é isento de pressões internas e avesso a pressões externas".
Em seguida, a direção da Agência afirma que o seu trabalho "é pautado na ciência e oferece ao Ministério da Saúde, o Gestor do Plano Nacional de Imunização - PNI, opções seguras, eficazes e de qualidade".
"Em outubro do corrente ano, após sofrer ameaças de morte e de toda a sorte de atos criminosos, por parte de agentes antivacina, no escopo da vacinação para crianças, esta Agência Nacional se encontra no foco e no alvo do ativismo político violento", diz a nota da Anvisa.
Por fim, a Agência declara que "epudia e repele com veemência qualquer ameaça, explicita ou velada que venha constranger, intimidar ou comprometer o livre exercício das atividades regulatórias e o sustento de nossas vidas e famílias: o nosso trabalho, que é proteger a saúde do cidadão".
Confira a nota na integra:
“Em relação às declarações do Sr. Presidente da República durante “Live” em mídia social no dia 16 de dezembro de 2021 a Agência Nacional de Vigilância Sanitária comunica:
A Anvisa, órgão do Estado Brasileiro, vem a público informar que seu ambiente de trabalho é isento de pressões internas e avesso a pressões externas.
O serviço público aqui realizado, no que se refere à análise vacinal, é pautado na ciência e oferece ao Ministério da Saúde, o Gestor do Plano Nacional de Imunização - PNI, opções seguras, eficazes e de qualidade.
Em outubro do corrente ano, após sofrer ameaças de morte e de toda a sorte de atos criminosos, por parte de agentes antivacina, no escopo da vacinação para crianças, esta Agência Nacional se encontra no foco e no alvo do ativismo político violento.
A Anvisa é líder de transparência em atos administrativos e todas as suas resoluções estão direta ou indiretamente atreladas ao nome de todos os nossos servidores, de um modo ou de outro.
A Anvisa está sempre pronta a atender demandas por informações, mas repudia e repele com veemência qualquer ameaça, explicita ou velada que venha constranger, intimidar ou comprometer o livre exercício das atividades regulatórias e o sustento de nossas vidas e famílias: o nosso trabalho, que é proteger a saúde do cidadão”.
Bolsonaro ameaça técnicos da Anvisa e Boulos reage: “é um miliciano, não um presidente”
Durante a sua tradicional live de quinta-feira, o presidente Jair Bolsonaro (PL) ameaçou divulgar o nome dos técnicos da Agência Nacional de Saúde (Anvisa) que votaram a favor de liberar a vacina da Pfizer para crianças de 5 a 11 anos.
Diante disso, o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e pré-candidato ao governo de São Paulo, Guilherme Boulos, reagiu e afirmou que Bolsonaro “é um miliciano e não um presidente”.
Para Boulos, a divulgação dos nomes dos técnicos da Anvisa é temerária, visto que eles foram ameaçados de morte pelo mesmo motivo: vacinação de crianças contra a Covid.
“Em outubro, diretores da Anvisa foram ameaçados de morte caso aprovassem vacina contra a Covid para crianças. A aprovação saiu ontem. O que Bolsonaro fez? Disse que vai divulgar os nomes dos técnicos que fizeram a aprovação. É um miliciano, não um presidente”, criticou Boulos.