Ao contrário do Brasil, em SP vacina anti-Covid será obrigatória

Doria se contrapõe a Bolsonaro, que afirmou que ninguém será obrigado a tomar a dose quando ela estiver disponível

João Doria (PSDB) - Foto Governo do Estado de São Paulo
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Em mais um lance do antagonismo entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o governador João Doria (PSDB-SP) sobre a pandemia do novo coronavírus, o tucano afirmou nesta sexta-feira (16) que, em São Paulo, a vacina contra a Covid-19 será obrigatória, quando ela estiver disponível.

“Em São Paulo, a vacina será obrigatória, exceto se o cidadão tiver alguma orientação médica, com um atestado, que não pode tomar a vacina”, afirmou o governador em entrevista coletiva. Segundo o tucano, serão tomadas medidas legais caso haja “contrariedade” em relação a essa determinação.

No dia 31 de agosto, Bolsonaro deu uma declaração no sentido exatamente oposto. Falando a apoiadores, ele sinalizou que a vacinação contra o novo coronavírus não será obrigatória no Brasil. “Ninguém pode obrigar ninguém a tomar vacina”, afirmou o ex-capitão ao ser questionado por uma apoiadora.

lei nº 6.259, do Programa Nacional de Imunizações, prevê que o Ministério da Saúde pode instituir campanhas de vacinação obrigatória, no entanto, as campanhas geralmente são voltadas para crianças e adolescentes e não obrigam adultos a se vacinarem.

E, em São Paulo, segundo Doria, os 45 milhões de habitantes receberão a dose. “Não é possível, numa pandemia, vacinar uns e outros não. Enquanto não tivermos pessoas vacinadas em larga escala continuaremos a ter a presença do vírus e a contaminação”, afirmou.

CoronaVac

O governo paulista está apoiando, por meio do Instituto Butantan, o desenvolvimento de uma vacina em parceria com o laboratório chinês Sinovac. O produto, chamado CoronaVac, vai passar pelos últimos testes neste final de semana.

O coordenador-executivo do comitê paulista para o coronavírus, João Gabbardo, disse que, até o momento, o produto não provocou efeitos colaterais graves, o que mostra sua segurança. Quanto à eficácia, disse que, até a fase 2, ela era de 98%. Mas só ao final dos testes é que vai ser saber qual sua efetividade na prevenção ao Sars-Cov-2.

O imunizante está na fase 3 de testes, com voluntários, última antes da liberação. Se tudo der certo, a previsão de Doria é iniciar a vacinação no estado em 15 de dezembro.

Reunião no ministério

Doria disse que, na próxima quarta-feira (21), terá uma reunião no Ministério da Saúde para tratar da adoção da CoronaVac pelo PNI.

Nesta quinta-feira (15), os secretários estaduais de saúde enviaram carta ao ministério pedindo que todas as vacinas que se provarem eficazes e seguras contra o coronavírus sejam adotadas pelo programa. No mesmo dia, o secretário-executivo da pasta, Elcio Franco, disse que nenhuma dose que se mostrar viável  - segura, eficaz, possível de produção em larga escala e a preço de mercado – será descartada.

No entanto, ele apresentou apenas o cronograma da vacina desenvolvida pela Universidade Oxford com o laboratório AstraZeneca. Essa dose é a “favorita” de Bolsonaro. Ela deverá ser produzida no Brasil pela Fiocruz.