Aplicativos criptografados oferecem alternativa ao Whatsapp

O “efeito pós-Snowden” fez com que grupos organizassem formas seguras de comunicação, como o Telegram

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O “efeito pós-Snowden” fez com que grupos organizassem formas seguras de comunicação, como o Telegram Por Isadora Otoni O aplicativo gratuito mais baixado na App Store na quarta-feira (26) foi o Telegram, com 4,95 milhões de usuários em apenas um dia. O software foi criado pelos irmãos Durov, da Rússia, e surgiu como uma alternativa ao Whatsapp, prometendo segurança e privacidade na comunicação de seus usuários. Os desenvolvedores do aplicativo garantem que as mensagens passam por uma criptografia, ou seja, sistemas de vigilância não conseguiriam decifrá-las. O sucesso do software se deve em boa parte à compra do Whatsapp por Mark Zuckerberg, que já é dono do Facebook e do Instagram. Mas pode ser atribuído também ao “efeito pós-Snowden”. Após as revelações que Edward Snowden fez sobre a vigilância da NSA (National Security Agency), o temor de ter sua vida privada descoberta fez com que grupos desenvolvessem formas seguras de comunicação. Na terça-feira (24), por exemplo, foi lançada a segunda versão do TextSecure. O aplicativo é desenvolvido pela Open Whisper Systems e possibilita envio de mensagens em grupo e online, com segurança. [caption id="attachment_43243" align="alignleft" width="300"] Zuckerberg perdeu 5 milhões de usuários para o Telegram em apenas um dia (Wikimedia Commons)[/caption] Tiago Pimentel, diretor da InterAgentes Comunicação Digital, alerta que o novo meio de comunicação não é seguro apenas por estar livre das mãos de Zuckerberg. “A migração do WhatsApp para o seu rival russo certamente não resolve a questão da vigilância, mas no lugar de entregar os dados para as agências de inteligência americana, os dados estarão nas mãos das agências russas”, acredita. Ainda assim, o novo software livra seus usuários do cruzamento de dados do Facebook com o Whatsapp. “O valor pago pelo Facebook dá pistas sobre o valor desses cruzamentos: 19 bilhões de dólares pagos por uma empresa com 50 funcionários”, comenta Pimentel. Para ele, o uso óbvio dos dados seria a estratégia de vendas e anúncios. Ainda assim, o diretor ressalta: “É conhecido e notório o fato de que as agências de inteligência americanas servem-se à vontade desses mesmos bancos de dados”. Plataforma tendência Entre os benefícios oferecidos pelo Telegram, que possui uma plataforma bem semelhante ao Whatsapp, está o “Secret Chat”. A ferramenta permite o compartilhamento de imagens e vídeos apenas para pessoas autorizadas, que não poderão encaminhar o conteúdo. Além disso, os chats podem ter prazo de validade estipulado por seu criador. A criptografia do Telegram possui o formato end-to-end, ou seja, as mensagens são descriptografadas apenas quando chegam ao destinatário. Para saber mais sobre o código-fonte do aplicativo, o usuário não terá dificuldades, visto que ele é open source. Isso quer dizer que seu código pode ser estudado ou até modificado, seja para criar softwares derivados ou para checar a funcionalidade do sistema. Entretanto, não está aberta para consulta o código-fonte de seu servidor. Por isso, críticas apontam que ainda existem dúvidas sobre o armazenamento de dados dos usuários. Outra crítica ao software seria o desenvolvimento de um protocolo próprio de criptografia. Tiago Pimentel desconfia do aplicativo. “O problema disso é que protocolos de criptografia são muito complexos e difíceis de ajustar de maneira segura. Em vez disso, uma boa prática teria sido usar protocolos amplamente utilizados, com farta documentação, fortemente analisados e aceitos como seguros pela comunidade de criptógrafos”. Em contrapartida, os desenvolvedores do Telegram ofereceram 200.000 dólares para quem conseguir quebrar o protocolo.  A competição termina no sábado (1), e foi feita da seguinte forma: diariamente, Paul (+79112317383) enviou um endereço de e-mail secreto para Nick (+79218944725). Se alguém conseguir hackear o protocolo, deve mandar um e-mail para o endereço secreto.