Apoiador de Bolsonaro, Collor admite que Lula foi injustiçado na Lava Jato: "Moro foi um crápula"

Em entrevista, o senador ainda afirmou que, em um embate entre Lula e Bolsonaro na eleição de 2022, a "terceira via vai ser moída"

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Adversário de Lula no segundo turno da eleição presidencial de 1989, o senador Fernando Collor (PROS-AL), que atualmente é próximo de Jair Bolsonaro, admitiu em entrevista ao Estadão divulgada nesta terça-feira (20) que o petista foi injustiçado na operação Lava Jato.

Recentemente, o Supremo Tribunal Federal (STF) referendou a decisão do ministro Edson Fachin que anulou os processos contra Lula, o que devolveu os direitos políticos ao ex-presidente, e deve confirmar na próxima quinta-feira (22) a declaração de suspeição do ex-juiz Sérgio Moro na condução dos processos contra o petista.

Segundo Collor, "sem dúvida" Lula foi injustiçado. "Sem dúvida que sim. O ex-juiz Sérgio Moro foi um crápula no comportamento em relação ao ex-presidente Lula. As conversas vazadas demonstram que o comportamento dele foi de um personagem como esse", declarou.

O senador também afirmou que, se de fato a eleição de 2022 contar com um embate entre Lula e Bolsonaro, a chamada "terceira via" será "moída". "Terceira via existe na literatura. Na prática política, isso não existe. Sobretudo agora, com a possibilidade de elegibilidade do ex-presidente Lula, claramente a polarização já está posta: o PT, com o seu candidato, no caso, o Lula, e o candidato à reeleição, que é o presidente Bolsonaro. Terceira via vai ser moída", analisou.

"Se essas duas forças estiverem se contrapondo em 2022, qualquer candidatura que se imiscua entre eles vai ser triturada. Quem pensar em terceira via é um sonho de uma noite de verão", completou o ex-presidente.

Apesar de considerar Lula um injustiçado e descartar uma opção de terceira via no próximo pleito presidencial, Collor afirma que permanecerá apoiando Bolsonaro. "Estou hoje apoiando o presidente Jair Bolsonaro para que ele consiga sair dessas dificuldades pelas quais está passando e que possa concluir o mandato para o qual foi eleito em 2018", disse adicionando ainda que não enxerga ambiente político e nem "popular" para um impeachment do atual presidente.

"Conselhos" econômicos

A proximidade de Collor com Bolsonaro ganhou novo impulso em fevereiro deste ano, quando o senador participou de uma reunião do Ministério da Economia para discutir a questão do aumento do preço dos combustíveis.

Segundo o presidente, Collor apresentou sugestões que foram “acolhidas” pelo governo. “Hoje, estávamos reunidos com a equipe econômica do Paulo Guedes, vendo a questão do impacto desse novo reajuste do combustível, ao qual nós não temos como interferir e não pensamos em interferir na Petrobras, e apareceu o senhor Fernando Collor, ali, para tratar de um outro assunto, em um outro local, convidamos (ele) para a reunião. Ele participou de grande parte da mesma. E nos deu sugestões, sugestões bem-vindas e acolhidas por nós. E dessa forma, vamos governando”, disse Bolsonaro na ocasião.