Após "escolha difícil", Estadão admite que foi "enganado" por Bolsonaro: Sem compromisso com agenda liberal

"Não há mais nem mesmo o cuidado de manter as aparências", diz o texto, intitulado "A decepção com Bolsonaro"

Bolsonaro e o presidente do grupo O Estado, Francisco Mesquita Neto, em visita à sede do Estadão em São Paulo (Foto: Marcos Corrêa/PR)
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Em editorial nesta segunda-feira (1º), mais de dois anos depois de dizer que seria "uma escolha difícil" o segundo turno das eleições presidenciais, entre Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (Sem partido), o jornal O Estado de S.Paulo admitiu que foi "enganado" pelo atual presidente.

"Na semana passada, a interferência de Jair Bolsonaro na presidência da Petrobrás produziu uma nova onda de decepção. Além dos efeitos devastadores sobre a empresa, com prejuízos muito concretos para as centenas de milhares de acionistas minoritários, a ordem para mudar a chefia da empresa consolidou a percepção de que Jair Bolsonaro não tem nenhum compromisso com a agenda liberal proposta na campanha de 2018. Não há mais nem mesmo o cuidado de manter as aparências", diz o texto, intitulado "A decepção com Bolsonaro".

O editorial ainda ressalta que "mesmo os crédulos que confiaram nas promessas liberais e modernizantes de Bolsonaro começam a suspeitar que foram enganados".

Citando o ex-secretário de privatizações do Governo, o bilionário Salim Mattar, o Estadão fala da "decepção" com a derrota das propostas liberais no governo.

"Hoje, ao falar daquele sonho liberal, Salim Mattar não esconde sua decepção. “O ministro Guedes é resiliente, obstinado e determinado, mas não percebeu que foi vencido. Por exemplo, há quanto tempo a história da Eletrobrás está no Congresso e não consegue autorização?” Como se sabe, a resistência à venda da Eletrobrás não vem apenas do Legislativo. Até a edição da MP 1.031/21, Jair Bolsonaro tinha colocado mais condições do que defendido sua privatização", diz o texto do jornal, representante da elite empresarial e financeira de São Paulo.