Argentino Jorge Mario Bergoglio é escolhido o primeiro papa das Américas

Bergoglio escolheu o nome de Francisco. Em 2010, o então cardeal argentino convocou católicos a se mobilizarem contra um projeto que autorizou o casamento homossexual no país

Francisco I é o primeiro papa latino-americano da história (Foto: Reprodução)
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Bergoglio escolheu o nome de Francisco. Em 2010, o então cardeal argentino convocou católicos a se mobilizarem contra um projeto que autorizou o casamento homossexual no país

Por Felipe Rousselet e Glauco Faria

[caption id="attachment_22114" align="alignleft" width="300"] Francisco I é o primeiro papa latino-americano da história (Foto: Reprodução)[/caption]

Na tarde desta quinta-feira, 13, católicos presentes na Praça São Pedro, em Roma, comemoraram a fumaça branca que saiu da chaminé da Capela Sistina por volta das 15h05. A fumaça simbolizava que os 115 cardeais da igreja católica que participaram do Conclave haviam escolhido o novo papa após dois dias reunidos. Depois de cinco votações, surgiu o nome do cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio como novo pontífice.

Bergoglio, como novo líder da igreja católica, será chamado de Francisco e em seu primeiro pronunciamento pediu que fosse abençoado primeiramente pelo povo e se inclinou diante da multidão que lotava a Praça São Pedro para receber a benção.

Jorge Mario Bergoglio nasceu em 17 de dezembro de 1936 e tornou-se arcebispo de Buenos Aires em 1998.  Em 2001, Bergoglio foi nomeado cardeal por João Paulo II. Trata-se do primeiro das Américas na história da Igreja Católica. Em julho deste ano, visitará o Brasil para participar da Jornada Mundial da Juventude 2013, encontro que reúne jovens católicos de todo o mundo.

Francisco I terá, ao menos, três grandes desafios para combater no comando da Igreja Católica: escândalos de pedofilia, corrupção e perda de fiéis em todo o mundo.

Ortodoxia Mesmo sem estar entre os principais favoritos ao conclave que o elegeu papa Francisco I, o cardeal primaz da Argentina quase chegou a ser papa há oito anos, na eleição que escolheu Joseph Ratzinger. De acordo com o vaticanista Lucio Brunelli ele chegou a conquistar na terceira votação 40 votos, mas, na pausa para alimentação, teria pedido a seus pares para que não votassem nele, o que determinou a vitória de Ratzinger no quarto escrutínio. Dado que os votos e os resultados dos escrutínios são secretos, impossível saber se essa versão é verdadeira, mas o fato é que o cardeal vinha ganhando importância dentro da estrutura da Igreja há algum tempo. Como diz John Allen Jr., nesse artigo, “[Bergoglio] chamou a atenção dos ortodoxos do Colégio de Cardeais como um homem que conseguiu segurar os avanços das correntes liberais entre os jesuítas, enquanto para os moderados era um símbolo do compromisso da Igreja com o mundo em desenvolvimento.” A escolha de Bergoglio, no entanto, não traz a impressão de que algo de fato possa mudar na postura da Igreja em relação a temas como aborto, união homossexual e contracepção. Em 2010, dois dias antes da aprovação da lei que passou a autorizar o casamento de pessoas do mesmo sexo na Argentina, o cardeal primaz do país chamou o projeto de lei de "movimento do diabo", contra o qual era necessário declarar "a guerra de Deus". Outro ponto obscuro da trajetória de Bergoglio  indicava que ele teria poucas chances na sucessão de Bento XVI. Ele foi citado em um processo criminal, às vésperas do conclave de 2005, por supostas ligações com o sequestro de dois missionários jesuítas em 23 de maio de 1976. O jornalista e escritor Horácio Verbitski, em seu livro El Silencio, conta que Orlando Yorio e Francisco Jalics realizavam trabalhos de ajuda social no bairro de Bajo Flores, em Buenos Aires, e, por conta de sua atuação, teriam sido traídos e entregues aos militares por Bergoglio. O porta-voz do cardeal disse que o fato não passa de uma "calúnia".