Artista usa armadura de metal em protesto contra machismo no Afeganistão

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Kubra Khademi protestou em resposta ao abuso sexual que sofreu quando tinha quatro anos. O protesto não foi bem recebido pela multidão, que chegou a jogar pedras contra ela, xingá-la e a ameaçá-la de morte. Por Opera Mundi Poucos dias após o Dia Internacional da Mulher, a artista Kubra Khademi, 27 anos, saiu pelas ruas de Cabul, capital do Afeganistão, vestindo uma armadura de metal para se manifestar contra abusos sexuais enfrentados diariamente pelas mulheres no país. Na ocasião, o protesto não foi bem recebido pela multidão, que chegou a jogar pedras contra ela, xingá-la e a ameaçá-la de morte. No entanto, Khademi alega que não foi uma atitude de ativista, mas uma performance artística: a armadura não apenas servia como mecanismo de proteção, mas como forma de desafiar o machismo vigente. “Eu queria que aquelas pessoas fossem minha audiência. Minhas preocupações derivam da minha vida, da minha experiência pessoal. Não uso palavras, mas sim meu corpo”, explica em entrevista à Associated Press, acrescentando que tem como influência artistas como a sérvia Marina Abramovi?. A apresentação de Khademi aconteceu mais de duas décadas depois que foi abusada sexualmente por um estranho quando tinha apenas quatro anos. “Na época, eu desejava apenas que a minha calcinha fosse feita de metal”, recorda. O Afeganistão é um país conservador onde até hoje garotas são vendidas para casamentos arranjados, a violência doméstica acontece de maneira impune e a desigualdade de gênero no mercado de trabalho e nas universidades é uma realidade. Apesar disso, alguns movimentos de resistência e novas políticas para reverter a situação tem sido vistas recentemente no país. Na semana passada, cerca de 20 homens afegãos vestiram burcas para demonstrar suporte aos direitos das mulheres no país. Eles carregavam cartazes com frases como: "igualdade" e "não diga a mulheres o que vestir, você deve cobrir os olhos". No início do mês, o presidente afegão, Ashraf Gani, anunciou a criação de uma universidade especial para as mulheres em Cabul, e assegurou que trabalhará para garantir os direitos femininos no território nacional. “O papel da mulher é muito importante em nossa cultura. Por isso, a primeira universidade para mulheres será construída. Cada departamento será responsável para defender os direitos das mulheres”, declarou Gani, de acordo com a emissora local TOLO News.   Foto de capa: Reprodução / Twitter