Avanço conservador não é exclusivo do Brasil, diz Gilberto Maringoni

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O professor de Relações Internacionais da UFABC e candidato a vereador em São Paulo pelo PSOL, Gilberto Maringoni, é um dos 23 autores do livro "Golpe 16", que será lançado em São Paulo na próxima segunda-feira (12). Saiba mais Por Victor Labaki O professor de Relações Internacionais da UFABC e candidato a vereador em São Paulo pelo PSOL, Gilberto Maringoni, é um dos 23 autores do livro "Golpe 16", que será lançado em São Paulo na próxima segunda-feira (12).  Em seu artigo, Maringoni comenta sobre as forças que consolidaram o golpe no Brasil e defende que o processo de impeachment contra Dilma "integra um movimento mundial de avanço da direita em diversas sociedades". Ele comentou o seu artigo e o momento político brasileiro no pós-impeachment em uma entrevista para a Fórum. Confira: Fórum: No seu artigo, você fala que a ascensão do conservadorismo não é um fenômeno exclusivamente brasileiro. Como você enxerga as primeiras movimentações do governo Temer nas relações políticas com os países da América Latina? Maringoni: A diplomacia do golpe é a diplomacia do porrete para os países mais pobres e a política externa do sabujo para com os EUA. O chanceler José Serra investe pesadamente na destruição do Mercosul, ao atropelar suas regras e tentar impedir que a Venezuela assuma a presidência rotativa do bloco. Mas o conservadorismo não é de fato algo nacional. Ele se inscreve na dificuldade que a esquerda mundial teve em construir soluções contracíclicas à crise de 2008, deixando espaço para a pauta conservadora avançar. Isso é patente na Europa, com o crescimento eleitoral da direita em vários países. Fórum: Como que você acha que a agenda econômica já sinalizada pelo Governo Temer como a reforma da Previdência, reforma trabalhista (carinhosamente chamada de "modernização") e outras pautas de cunho liberal podem ser enfrentadas pelas forças de esquerda no Brasil? Maringoni: Em primeiro lugar, é bom que se diga que Reforma da Previdência, Reforma Trabalhista e privatizações não são originalmente pautas de Temer. Eram itens da agenda petista, no segundo governo Dilma. Temer dá seguimento a essa rota e a aprofunda de forma vertiginosa. Agora que somos todos oposição, faz bem o PT em se agregar à esquerda e ajudar a combater essa diretriz. Não será fácil, mas é algo a ser enfrentado. Fórum: Você que acredita que a saída possível seria uma nova eleição? Por que? Maringoni: O imbróglio que o governo Dilma nos meteu, abrindo espaço para a direita, provocando a maior recessão em muitas décadas e rompendo com sua base social tradicional é enorme. Nova eleição só será possível se Temer cair até o final do ano. Com as regras restritivas às campanhas eleitorais - fruto da lei da mordaça formulada por Eduardo Cunha e sancionada por Dilma - não há certeza de uma vitória do campo progressista. Mesmo assim, até o final do ano, a pauta pode ser esta. Mas convém não esquecer: teremos Diretas já em três semanas, que são as eleições municipais. Esse é o primeiro desafio a ser vencido.