Aviso aos que atacam o SUS: ser mordido de cobra nos EUA pode custar US$ 153 mil

Como diz o título da reportagem do Washington Post, “esta mordida de cascavel de $ 153,000 é tudo de errado com os serviços de saúde (norte) americanos". No Brasil, não custaria nada, porque o país trata o ofidismo, há mais de um século, como um problema de saúde pública

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Como diz o título da reportagem do Washington Post, “esta  mordida de cascavel de $ 153,000 é tudo de errado com os serviços de saúde (norte) americanos". No Brasil, não custaria nada, porque o país trata o ofidismo, há mais de um século, como um problema de saúde pública Por Fernando Brito, no Tijolaço Quando li, achei que era destas “histórias da internet”. Mas saiu no insuspeito Washington Post: O americano Todd Fassler foi mordido por uma cascavel em San Diego, Califórnia. Não seria notícia, porque há entre sete e oito mil ataques de cobras peçonhentas nos Estados Unidos todo ano. Aqui, em 2010, o número chegava, em 2010, a 30 mil vítimas. Mas virou, quando uma emissora local noticiou quanto isso custou a Fassler em custo de hospital e de soro antiofídico: US$ 153.161,25, ou R$ 483 mil, na cotação de ontem. Como diz o título da reportagem do Post, “Esta  mordida de cascavel de $ 153,000 é tudo de errado com os serviços de saúde  (norte) americanos“ Aqui, é claro, não custaria nada, porque o Brasil trata o ofidismo, há mais de um século, como um problema de saúde pública. E construiu, com esforço, uma rede de produção e distribuição de soros – pelos quais cobraram US$ 83 mil ao americano – que dão o sentido de heroísmo ao trabalho de gente como Vital Brazil, o grande marco nesta história, com um esforço que ele próprio descreve, na virada do século 19, quando comprovou a necessidade de soros específicos para cada espécie de serpente, desbancando o conhecimento europeu que produzia soros de baixa efetividade. “Não dispondo o Instituto de verba para a aquisição de serpentes, tive eu mesmo de assumir o encargo. Em pequeno terreno adquirido próximo a minha residência, mandei construir meu primeiro serpentário, bastante imperfeito, o qual serviu-me de orientação quando mais tarde tive que construir outros em Butantan. Nesse período trabalhei intensamente na aquisição de serpentes e na propaganda entre agricultores amigos, dos meios de captura e transporte dos ofídios, distribuído-lhes laços e caixas”. A saúde pública no Brasil ainda bem, sempre contou com gente abnegada como ele. Quem enche a boca para ver só os defeitos no Sistema Único de Saúde do Brasil deve tomar cuidado para não morder a língua, um dia destes. Pode ser pior que o veneno da cascavel. Pode ser sua própria vida. Fotomontagem: Tijolaço