Banco Brics: um importante contraponto ao FMI e Banco Mundial

Setenta anos depois do estabelecimento das instituições de Bretton Woods (FMI e Banco Mundial), os países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) oferecem ao Sul Global uma nova alternativa

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Setenta anos depois do estabelecimento das instituições de Bretton Woods (FMI e Banco Mundial), os países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) oferecem ao Sul Global uma nova alternativa Por Vinicius Gomes Em Fortaleza, nesta terça-feira (15), durante a Cúpula dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) foi oficializada a criação de um banco de desenvolvimento. A sede do novo banco provavelmente será em Xangai, na China, e servirá como um poderoso contraponto ao Banco Mundial e ao Fundo Monetário Internacional (FMI), guiados pelos EUA e União Europeia. As instituições estabelecidas em Bretton Woods ao final de Segunda Guerra Mundial – exatamente há 70 anos - e que nas últimas décadas passaram a agir como o braço “econômico-armado” das instituições, propagando suas políticas neoliberais - o infame Consenso de Washington -, principalmente na América Latina. [caption id="attachment_48981" align="alignleft" width="277"]Vladimir Putin, Narendra Modi, Dilma Rousseff, Xi Jinping e Jacob Zuma, em foto oficial na 6ª Cúpula dos Brics (Marcelo Camargo/Agência Brasil) Vladimir Putin, Narendra Modi, Dilma Rousseff, Xi Jinping e Jacob Zuma, em foto oficial na 6ª Cúpula dos Brics (Marcelo Camargo/Agência Brasil)[/caption] O capital inicial será de 50 bilhões de dólares, além de o estabelecimento de um fundo de reservas de 100 bilhões de dólares (China contribuindo com 41 bilhões, Brasil, Índia and Rússia  com 18 billhões cada e a África do Sul com 5 bilhões), e não serão apenas orientadas aos países Brics, mas também investirão em projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável em escala global. A ideia é usar como modelo o brasileiro Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES). Todavia, de acordo com o jornalista Pepe Escobar, isso vai além de pura economia e finanças, sendo o novo banco essencialmente sobre geopolítica - “oferecendo às potências emergentes uma alternativa ao fracassado Consenso de Washington, assim como solidificar ainda mais a aliança China-Rússia, que recentemente protagonizou o ‘acordo do século’”. Ainda, segundo Escobar, o que os Brics estão tentando fazer é mostrar ao Sul Global que agora eles têm uma escolha: “De um lado, a especulação financeira, os fundos abutres e a hegemonia dos ‘Mestres do Universo’, e de outro uma estratégia alternativa de desenvolvimento capitalista comparada à tríade EUA, UE e Japão”. Um dos primeiros que podem se beneficiar dessa nova alternativa à hegemonia global-financeira do Norte Global é a Argentina. O país foi recentemente condenado, por decisão de uma corte de Nova Iorque, a pagar 100% do valor dos títulos não renegociados para os seus credores especulativos, oriundos da crise de mais de 10 anos atrás. "A Argentina pode recorrer ao fundo desse banco, via Brasil, para ter instrumentos de reação contra esse ataque norte-americano, do cassino financeiro mundial, contra a sua soberania", afirmou o cientista político Paulo Vannuchi. O banco Brics e o fundo de reserva servirão como uma real alternativa ao FMI e o Banco Mundial, dando a chance para inúmeros outros países não terem que se submeter mais às instituições de Bretton Woods.