Barreiras de concreto

Fotógrafo Kai Weidenhöfer registrou muros que ainda dividem pessoas, culturas e territórios. Imagens estão na exposição Wall on Wall, instalada no que restou do Muro de Berlim

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Fotógrafo Kai Weidenhöfer registrou muros que ainda dividem pessoas, culturas e territórios. Imagens estão na exposição Wall on Wall, instalada no que restou do Muro de Berlim  

Por Amanda Amorim, no blog Artimanhas da Revista Samuel 

[caption id="attachment_28470" align="aligncenter" width="600"] Exposição no Muro de Berlim[/caption]

O Muro de Berlim, construído em 1961, foi um grande símbolo do cerceamento das liberdades individuais no mundo. Sua queda, em 1989, representou o fim das barreiras opressoras entre as duas regiões alemãs e despertou a esperança nas pessoas de um mundo onde os direitos individuais seriam novamente respeitados. No entanto, se em Berlim o que restam atualmente são apenas partes simbólicas do muro destruído, o que não se sabe é que desde a Segunda Guerra nunca foram construídos tantos outros muros ao redor do mundo como nos últimos 23 anos pós-Guerra Fria.

O fotografo alemão Kai Weidenhöfer era um jovem estudante quando documentou a queda do muro. Viajando pelo mundo nos últimos 9 anos, Kai agora documenta a construção de outros muros que dividem pessoas, culturas e territórios. Das fotografias panorâmicas em alta resolução destas grandes paredes surgiu, além de um livro, uma exposição chamada Wall on Wall que desde o início de julho pode ser visitada, veja só, nas paredes do que restou do Muro de Berlim.

[caption id="attachment_28471" align="aligncenter" width="600"] Israel[/caption] [caption id="attachment_28472" align="aligncenter" width="600"] Chipre[/caption] [caption id="attachment_28473" align="aligncenter" width="600"] EUA-México[/caption]

A exposição foi viabilizada após uma campanha bem-sucedida no Kickstarter, mas custou para conseguir aprovação das autoridades locais. Nela, estão retratadas oito grandes construções de concreto, fruto de 21 viagens de Kai: a fronteira que separa as duas Coreias, fortemente militarizada; o limite mortal entre EUA e México; um muro construído pelo exército dos EUA durante a ocupação em Bagdá e que separa os bairros residenciais sunitas e xiitas; as cercas de arame farpado em Ceuta e Melilla que servem para deter refugiados africanos; os muros que cercam os territórios palestinos; e também as últimas barreiras europeias em Belfast, na Irlanda do Norte, e no Chipre.

“Um muro jamais poderá resolver um conflito político”, afirma Kai que, como a maioria das pessoas, acreditava que a queda do muro de Berlim significaria o fim das barreiras como uma ferramenta política. Pelo contrário, os grandes paredões de concreto estão aí, separando não apenas territórios mas também pessoas que vivem em um suposto mundo globalizado.

[caption id="attachment_28474" align="aligncenter" width="600"] Coreias[/caption] [caption id="attachment_28475" align="aligncenter" width="600"] Iraque[/caption]

Nos muros estadunidenses…

O número alto de mortes que ocorrem nas tentativas de ultrapassar ilegalmente a fronteira entre México e EUA inspirou um parque de diversões mexicano a criar uma atração um tanto quanto bizarra: localizado no estado de Hildalgo, a cerca de 1300 km da fronteira, o Parque EcoAlberto oferece pelo preço de 20 dólares uma simulação de 4h da experiência de tentar pular os muros que separam os dois países. A fronteira fake possui atores que passam por oficiais e contrabandistas, além de cães, sirenes e perseguição real. Quem é pego fazendo a travessia obviamente não fica preso, mas sai do local com desconforto e algumas contusões. Segundo a administração do parque, o objetivo do “brinquedo” é desencorajar os mexicanos a realizarem a experiência real. [caption id="attachment_28476" align="aligncenter" width="600"] Kai Weidenhöfer na exposição Wall on Wall[/caption]