Bolsonarista fanática, Bia Kicis cai da vice-liderança do governo na Câmara

Voto contra o Fundeb que não acompanhou mudança de posicionamento oportunista da base aliada teria motivado perda do posto

Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados
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Bolsonarista radical, a deputada federal Bia Kicis (PSL-SP) foi destituída na noite desta quarta-feira (22) da vice-liderança do governo na Câmara. A queda de uma das mais importantes integrantes da tropa de choque do presidente Jair Bolsonaro foi motivada por sua postura na votação do novo Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação).

Kicis foi um das sete parlamentares da base do governo que contrariou a orientação e votou contra a proposta, aprovada na última terça (21). Depois de ter atuado para boicotar, desidratar e até impedir a votação do novo Fundeb, diante da derrota iminente, o governo Bolsonaro resolveu, na última hora, apoiar a medida e orientou voto pela aprovação.

Bolsonaro passou a quarta-feira (22) tentando convencer a população de que ajudou na aprovação do projeto, com entrevistas e mensagens nas redes sociais. Mais cedo, o presidente já tinha iniciado a fritura dos bolsonaristas que votaram contra o projeto, em conversa com apoiadores no Palácio da Alvorada.

“Foi uma votação quase unânime, seis ou sete votaram contra. Os que votaram contra têm seus motivos, só perguntar para eles por que votaram contra”, afirmou Bolsonaro. “Alguns dizem que minha bancada votou contra. A minha bancada não tem seis ou sete, não. A minha bancada é bem maior do que essa daí”, completou.

Votaram contra o novo Fundeb, nos dois turnos de votação da Câmara, os deputados Bia Kicis (PSL-DF), Chris Tonietto (PSL-RJ), Filipe Barros (PSL-PR), Junio Amaral (PSL-MG) e Paulo Martins (PSC-PR). No primeiro turno, Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PSL-SP) e Márcio Labre (PSL-RJ) votaram contra. No segundo, Bragança votou a favor e Labre se absteve.

Nas redes sociais, o deputado Major Vítor Hugo, líder de Bolsonaro no Congresso foi atacado por bolsonaristas ao dizer que o governo foi a favor do Fundeb e “por isso, votamos a favor, a base inteira, com pouquíssimas dissidências”. "Pior que uma decisão errada é chamar os parlamentares corretos de dissidentes”, comentou, contrariado, o blogueiro Allan dos Santos, investigado como um dos líderes da milícia virtual bolsonarista.

Omisso em relação ao Fundeb e trabalhando para que a PEC caducasse sem passar pelo Congresso, Bolsonaro chegou a colocar ministros, como Paulo Guedes (Economia) para apresentar propostas que visavam desidratar o Fundeb. O governo também atuou diversas vezes para esvaziar a construção da proposta, debatida há cerca de um ano com representantes do setor da educação. O texto da deputada Professora Dorinha Seabra (DEM-TO) teve apoio de entidades, estudantes e professores.

O substituto de Kicis ainda não foi anunciado, mas é esperado que o posto seja ocupado por um aliado do centrão.