Bolsonaristas investigados, além de driblarem STF com novos perfis, zombam da Justiça

Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro investigados no inquérito das fake news tiveram contas suspensas por decisão do ministro Alexandre de Moraes

Allan dos Santos - Foto: Reprodução/Twitter
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Além de driblar decisão do Supremo Tribunal Federal com novas contas, bolsonaristas que tiveram perfis nas redes sociais bloqueados passaram a zombar da determinação em publicações nas plataformas.

Nesta quarta-feira (29), o blogueiro Allan dos Santos escreveu no Twitter: "Tá tiste? Fica tiste naum. Sigam-me no Telegram". A publicação foi seguida pelo endereço dele nessa rede social e trecho de reportagem que trata da migração dos bolsonaristas bloqueados, que teriam conseguido milhares de seguidores em poucas horas em outras plataformas.

https://twitter.com/allanldsantos/status/1288494427904839682

Os apoiadores do presidente Jair Bolsonaro tiveram as suas contas bloqueadas pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, no âmbito do inquérito das fake news. Moraes é relator do caso, que apura também ataques aos integrantes do STF.

Além de Santos, perderam o perfil nas redes Bernardo Pires Kuster, Edson Pires Salomão, Eduardo Fabris Portella, Enzo Leonardo Suzi Momenti, Marcelo Stachin, Marcos Dominguez Bellizia, Rafael Moreno, Paulo Gonçalves Bezerra, Rodrigo Barbosa Ribeiro, Sara Fernanda Giromini (Sara Winter), Edgard Gomes Corona, Luciano Hang, Otavio Oscar Fakhoury, Reynaldo Bianchi Junior e Winston Rodrigues Lima.

Alguns bolsonaristas abriram contas com nomes semelhantes para continuar publicando e outros também mudaram as configurações, alterando o local da conta para o exterior, contornando o bloqueio.

Agravamento das penas

Advogados avaliam que os bolsonaristas podem ter as suas penas aumentadas por driblarem o bloqueio imposto pela Justiça. Em entrevista à BBC, o advogado e cientista social Caio Machado avaliou que a postura pode ser um "agravante". "Estão achando subterfúgios para burlar a decisão e reiterar justamente o que estava sendo investigado: as ameaças", disse.

Para o advogado Renato Opice Blum, coordenador dos cursos de direito digital e proteção de dados da FAAP e da Escola Brasileira de Direito, a insistência no uso das plataformas digitais pode levar Moraes a estender o bloqueio.

"Como esta ordem em tese está parcialmente cumprida, essa informação vai para o processo e, por sua vez, chega ao juiz. Ele vai deliberar e pode estender a ordem para um alcance mundial, se ele achar que é o caso. E acho que é isso que vai acontecer, porque há precedentes nesse sentido", disse.