Bolsonaro ameaça Celso de Mello: "retire o pedido, não vou entregar meu celular

Presidente disse ainda que responsabilidade pelos absurdos ditos na reunião é do ministro do STF por ter liberado vídeo e atacou Moro: "fim melancólico"

Celso de Mello e Jair Bolsonaro (Foto: Montagem)
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O presidente Jair Bolsonaro reagiu na noite desta sexta-feira (22) à divulgação do vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril, pelo ministro do Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF). Em pronunciamento na entrada do Palácio do Alvorada, Bolsonaro voltou a negar que interferiu na Polícia Federal, o que aparece no vídeo, e atacou o STF, o ex-ministro Sergio Moro e a imprensa.

"O vídeo, para nós, estava classificado como secreto. Quem suspendeu o sigilo foi o senhor Celso de Mello. Então, a responsabilidade de tudo naquele vídeo que não tem haver com o inquérito é do senhor ministro do Supremo Tribunal Federal Celso de Mello. Nenhum ministro meu tem responsabilidade do que foi falado ali", disse Bolsonaro, alegando que a reunião em que xinga governadores era reservada.

No vídeo, aparecem falas comprometedoras ou potencialmente criminosas dos ministros Abraham Weintraub (Educação), Paulo Guedes (Economia), Damares Alves (Família) e Ricardo Salles (Meio Ambiente).

No pronunciamento na porta do Alvorada, Bolsonaro adotou, em alguns momentos, tom quase tão exaltado quanto o da reunião e também usou palavras de baixo nível. O presidente ameaçou diretamente o ministro Celso de Mello.

“Seu Celso de Mello, retira o seu pedido porque o meu telefone não será entregue”, afirmou Bolsonaro, em referência a recente decisão do ministro do STF  de pedir manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre os pedidos de apreensão do celular do presidente, dentro da investigação de interferência na PF.

Em uma fala mal articulada, Bolsonaro chegou a sugerir que o ministro "sente" no processo e não atue. "Deixe os partidos lá que pediram esperando", disse. Em outros momentos, o presidente também faz referências em que parece querer dizer que o processo contra ele tramita mais rápido do que ele gostaria.

Entre ataques à impressa, frases de efeito para a claque de apoiadores que interrompia com palmas e alegações de injusta perseguição, pouca novidade. O presidente repetiu novamente toda a sua versão para os pedidos de trocas de comando na PF, que o vídeo e depoimentos de envolvidos, como o delegado exonerado Maurício Valeixo, contradizem.

“Foi um tiro nágua. Se quer foi tiro de festim. Um traque", bradou Bolsonaro. "Mais uma farsa caiu, de muitas contra mim”, completou, passando a atacar o ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, autor da acusação que deu origem ao processo e que indicou o vídeo da reunião como prova.

“Lamento senhor Sergio Moro, uma pessoa que tem uma história, que ajudou muito o país, ter um fim melancólico desse”, disse. “Posando de vítima. Não sei quais são seus interesses.”