“Me dói ver o Brasil ser representado por isso”, diz Carol Solberg ao criticar presidente Bolsonaro

A jogadora da seleção brasileira de vôlei de praia ainda afirmou que os atletas não podem entrar em quadra e ficarem “alheios” a realidade e prestou solidariedade aos parentes das 600 mil vítimas da Covid

Carol Solberg (Foto: Reprodução/Instagram)
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A jogadora de vôlei de praia Carol Solberg voltou a criticar a o presidente Bolsonaro durante entrevista após o jogo pelo Open de duplas do Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia, no Rio de Janeiro neste sábado (9).

“Nos completamos 600 mil mortes pela Covid e os torneios não podem passar sem a gente falar sobre isso. Nós temos um presidente que, a essa altura, ainda está defendendo tratamento precoce a essa altura do campeonato, isso é muito grave”, criticou a atleta.

Posteriormente, Solberg afirmou que o Brasil é um país maravilhoso e que dói vê-lo representado por Bolsonaro. “Me dói muito ver o Brasil ser representado por isso. A gente viu o presidente vetando essa semana a distribuição gratuita de absorvente para meninas em situação total de vulnerabilidade, eu fico muito triste. O Brasil é um país maravilhoso, eu tenho o maior orgulho de tanta coisa que o Brasil representa, mas me dói muito ver esse momento”, lamentou.

“Eu sou atleta eu adoro estar aqui jogando, mas eu não entro na quadra alheia ao que está acontecendo. Estou aqui como cidadã e atleta, tem sido um momento muito duro. Obrigado pela torcida e toda minha a solidariedade às famílias que perderam os seus amores, seus parceiros pra essa coisa horrível da Covid”, finalizou Carol Solberg.

https://twitter.com/taliriapetrone/status/1447185562117476355?s=21

Essa não é a primeira vez que a atleta critica o presidente Bolsonaro.



A primeira manifestação da atleta contra o ocupante do Palácio do Planalto aconteceu em 20 de setembro de 2020, após ela e Talita Antunes terem conquistado medalha de bronze na primeira etapa do Circuito Brasileiro do ano, em Saquarema. Por causa da manifestação, feita durante entrevista ao SporTV, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro passaram a ameaçá-la nas redes sociais.

A própria Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) chegou a publicar comunicado registrando seu “repúdio à utilização dos eventos para realização de quaisquer manifestações de cunho político (…) atos como esse denigrem a imagem do esporte”. Posteriormente, ela foi processada pela CBV.

Porém, Carol Solberg foi absolvida pelo O Tribunal Pleno do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) que derrubou a advertência aplicada à jogadora de vôlei Carol Solberg em primeira instância por ela ter gritado “Fora, Bolsonaro” durante entrevista ao vivo na televisão.

Ela havia sido foi condenada por três votos a dois a uma punição de advertência por teoricamente descumprir trecho do regulamento que proíbe dar opinião que prejudique a CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) e seus parceiros comerciais. A entidade conta com o Banco do Brasil como um de seus patrocinadores.

“Não há tipificação no sentido de vedar conduta de expressão política. Tampouco pode-se afirmar que a conduta da atleta tenha prejudicado a CBV, patrocinadores e parceiros privados. A personalidade atingida pela fala da atleta não tem ligação direta com a CBV, com os patrocinadores e parceiros comerciais. A CBV é entidade privada e a despeito de receber verbas públicas gosta de autonomia desportiva e não possui subordinação ao poder estatal”, disse o auditor Tamoio Athayde Marcondes durante a votação.