Em Dubai, Bolsonaro desdenha da COP26 e diz que Brasil foi "atacado"

"É um local onde quase todos apresentam os problemas para os outros resolverem", disse o presidente, que sequer esteve presente no evento

Foto: Alan Santos/PR
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Jair Bolsonaro não esteve presente na 26ª Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU), a COP26,, mas mesmo assim ironizou o evento e afirmou que o Brasil foi "atacado".

As falas aconteceram neste sábado (13), ao chegar no hotel em que está hospedado em Dubai, segundo reportagem do Metrópoles.

“Ali [COP] é um local onde quase todos apresentam os problemas para os outros resolverem. Você pode ver. China, Índia, EUA não assinaram nada. Nós somos os que mais contribuímos para a não emissão de gases de efeito estufa e que por vezes mais pagamos a conta, mais somos atacados”, disse o presidente.

Quase 200 países-membro, incluindo a China e os EUA, aprovaram um documento neste sábado na COP26 que, entre outros pontos, prevê a redução gradativa dos subsídios aos combustíveis fósseis e do uso do carvão.

Participação apagada e vergonhosa

A comitiva brasileira teve uma participação bem apagada na COP26 e, nos poucos momentos em que se sobressaiu, foi para passar vergonha.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, chegou a soltar uma de suas pérolas durante debate realizado no stand brasileiro e defendeu a criação e uma espécie de Vale do Silício em plena Floresta Amazônica. A proposta foi batizada por Guedes de “Selva do Silício”.

Já Joaquim Leite, ministro do Meio Ambiente que chegou ao governo Bolsonaro após a saída de Ricardo Salles, se embolou durante discurso realizado em Glasgow na quarta-feira (10), quando relacionou as florestas à pobreza.

“Reconhecemos também que onde existe muita floresta, também existe muita pobreza“, disse o ministro. Segundo Leite, o governo adotou medidas de “desenvolvimento sustentável” na região amazônica.

Bolsonaro ostenta em hotel de luxo em Dubai

Presente na terceira viagem de uma comitiva do governo brasileiro a Dubai em pouco mais de dois meses, Jair Bolsonaro está hospedado até terça-feira (16) no luxuoso hotel Habtoor Palace, que tem diárias que chegam a R$ 81 mil.

O hotel cinco estrelas tem uma série de suítes de luxo extremo. A segunda mais cara tem diárias de R$ 21 mil. As mais “populares” podem ser reservadas com antecedência em sites pela bagatela de cerca de R$ 3,3 mil por dia.

Uma das hospedagens mais luxuosas é a suíte Sir Winston Churchill, com três quartos, uma sala de jantar que tem piscina e está localizada na cobertura.

“A suíte Sir Winston Churchill de três quartos oferece uma ampla sala de estar com uma área de jantar formal de 12 lugares, um escritório elegante, uma área de estar, uma escada majestosa no quarto que conecta-se à piscina de mergulho da cobertura e a um sala de tamanho generoso, ideal para reuniões. Dois quartos, uma cama king-size e uma cama de solteiro, têm seus próprios banheiros duplos com espelho, enquanto o quarto principal, que define um novo padrão de opulência, está conectado a um banheiro de dimensões generosas onde uma banheira suntuosa ocupa o centro das atenções“, diz a descrição no próprio site.

É a terceira excursão do governo brasileiro em pouco mais de dois meses à capital dos Emirados Árabes, um dos destinos turísticos mais desejados pelos emergentes.

Além da primeira-dama, fazem parte da comitiva os filhos Flávio e Eduardo Bolsonaro. Bolsonaro também levou os amigos Hélio Lopes (PSL-RJ) e Magno Malta, ex-senador, que não ocupa cargo no governo.