Bolsonaro diz que isolamento é "terreno fértil" para o socialismo

Em “momento Polishop”, presidente volta a defender cloroquina, mesmo depois que estudos comprovaram que medicamento não tem efeito para covid-19

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O presidente Jair Bolsonaro voltou a politizar o combate à pandemia de coronavírus nesta quinta-feira (22), em transmissão nas redes sociais. Ele disparou críticas ao isolamento e à esquerda.

"Essa política tem que mudar. Se continuar o isolamento, a tendência é o Brasil se tornar um país de miseráveis. E o socialismo vê esse terreno fértil para isso (sic)", afirmou o presidente, incitando uma paranóia frequente em sua base de apoio mais radical.

Como habitual, o presidente minimizou o risco da pandemia que já matou mais de 84 mil brasileiros. Ele aproveitou para atacar o seu ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Madetta. "Terror o tempo todo", disse Bolsonaro, em referência a previsões de Mandetta, hoje confirmadas, de que os óbitos seriam altos caso o isolamento não fosse realizado corretamente.

"O que o povo está vendo e provando? Os protótipos de ditador do Brasil. E deixo bem claro. Imagine se quem tivesse aqui na minha cadeira você aquele cara que ficou em segundo lugar. Poderia estar acontecendo em todo o Brasil. O que os governadores mais radicais de esquerda fizeram, e esse cara é dessa linha, o que estariam fazendo em todo o Brasil, aproveitando esse momento", afirmou Bolsonaro, ao comentar medidas de isolamento colocadas por governadores e prefeitos. Ele ainda sugeriu que os eleitores questionem candidatos a prefeito sobre o tema nas eleições de novembro.

Na live, Bolsonaro voltou a fazer propaganda da cloroquina. Além de desprezar a ausência de comprovação científica da eficácia do remédio para o tratamento de covid-19, Bolsonaro também diz que não há comprovação de que o remédio não funcione.

"Acreditamos na ciência, mas não existe comprovação ainda científica, né? Como alguns dizem, não é porque não existe comprovação científica, né? Então, o que acontece... ele não é recomendado e não é também... não é recomendado, também. Nem é e não é. Tá em estudo ainda. Mas mais cedo ou mais tarde vai se chegar a conclusão no tocante a isso. Agora, enquanto não tem um remédio claro para atacar esse problema é válido esse aqui", afirmou o presidente, em fala confusa.

Nesta semana, dois estudos científicos publicados na revista Nature, uma das mais importantes do mundo, provaram que a cloroquina e a hidroxicloroquina não surtem efeito no tratamento e nem na prevenção da covid-19.

Polishop

A caixa do remédio estava em pé na mesa durante quase toda a transmissão, com o rótulo posicionado para a câmera. Em alguns momentos, como em um programa da Polishop, o presidente ergue a embalagem e, depois de dizer que não está recomendando, faz justamente isso.

"Eu tomei. Doze horas depois estava me sentindo muito bem e como estou muito bem, graças a Deus, até hoje", diz Bolsonaro, destacando ainda que os ministros Onyx Lorenzoni (Casa Civil) e Milton Ribeiro (Educação) também "começaram a tomar imediatamente" após serem testarem positivo para o coronavírus e estão "muito bem".

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