Bolsonaro faz acordo com Guedes e anuncia mais quatro parcelas de R$ 300 no auxílio emergencial

Ministro da Economia insistiu, no anúncio, que governo vai retomar as reformas neoliberais que ele sempre defendeu, começando pela dos servidores

Bolsonaro observa Guedes falar na reunião sobre auxílio emergencial (Foto Marcos Corrêa/PR)
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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) anunciou nesta terça-feira (1º) que vai prorrogar o auxílio emergencial por mais quatro meses. O valor, no entanto, cairá pela metade: cada parcela será de R$ 300. Segundo o titular do Planalto, esse valor foi fixado “atendendo a Economia, em cima da responsabilidade fiscal”. Ou seja, foi um acordo com seu ministro Paulo Guedes.

O auxílio emergencial está sendo pago a trabalhadores mais vulneráveis que perderam a renda devido à pandemia do novo coronavírus. O governo Bolsonaro queria pagar R$ 200, mas parlamentares da oposição atuaram para elevar cada parcela para R$ 600. Apesar disso, quem faturou politicamente com ele foi Bolsonaro, que viu sua popularidade aumentar. De olho nesse desempenho, ele mandou pagar mais duas parcelas de R$ 600 e, agora, prorroga o auxílio até o final do ano.

No discurso, Bolsonaro tentou minimizar o corte na quantia a ser paga nas próximas parcelas. “Podemos dizer que não é um valor suficiente muitas vezes para todas as necessidades”, começou. Para então emendar: “[O R$ 300] é um pouco superior a 50% do Bolsa Família”.

Aí vêm mais reformas neoliberais

Do seu lado, Guedes também discursou. Começou bajulando os políticos, o que não é de seu feitio. “Foi uma reunião excelente da base do governo e do presidente”. Defendeu também o corte no valor do auxílio. “Dentro nossa ideia do que é possível fazer com os recursos que temos, estender por quatro meses o valor de R$ 300 do auxilio emergencial”, afirmou.

E então mandou a mensagem de que as reformas neoliberais que ele sempre defendeu serão retomadas. A primeira será a administrativa, que vai mexer na carreira dos servidores públicos e deve ser enviada ao Congresso nesta quinta-feira (3).

Tanto ele quanto Bolsonaro disseram que os atuais servidores não serão afetados. Mas Guedes fez questão de usar o termo “meritocracia”, queridinho do mercado, para explicar o que deve prever essa reforma.

“Ela redefine toda a trajetória do serviço público para o futuro, com meritocracia, concursos exigentes, promoção por mérito”, afirmou. E terminou com nova bajulação aos deputados, de quem depende para suas ideias virarem lei: “[Será] Toda a classe política brasileira pensando no futuro do país”.

A decisão foi anunciada após reunião do capitão reformado com ministros e parlamentares de sua base. Muitos dos que estiveram no encontro são do chamado Centrão, que ele detonou na campanha, chamando de “velha política”.