Durante um encontro do Aliança pelo Brasil, em Vitória, Espírito Santo, neste sábado (29), Jair Bolsonaro repetiu declaração racista que fez em 2017, em evento no Clube Hebraica, no Rio de Janeiro, de acordo com reportagem de Vinícius Valfré, de O Estado de S. Paulo.
“Bolsonaro, sou negão, votei em você e em 2022 vou votar de novo. Você é o melhor presidente do Brasil”, disse um apoiador negro. “E você está com oito arrobas”, respondeu Bolsonaro, arrancando risos da plateia.
A conferência foi feita por meio do telefone celular da advogada Karina Kufa, que articula a criação do novo partido, que, aliás, não conseguiu recolher 492 mil assinaturas necessárias para disputar as eleições deste ano.
O áudio da conversa foi reproduzido nos alto-falantes do evento, que reuniu entre 1 mil e 2 mil pessoas, de acordo com avaliação dos organizadores.
Em 5 de abril de 2017, Bolsonaro, declarou que, se fosse eleito, acabaria com todas as reservas de terra de indígenas e quilombolas. “Eu fui num quilombo. O afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada. Eu acho que nem para procriador ele serve mais. Mais de R$ 1 bilhão por ano é gasto com eles”, disse.
Além disso, o atual presidente ainda atacou as organizações não governamentais. “Se eu chegar lá, não vai ter dinheiro pra ONG. Esses vagabundos vão ter que trabalhar. Pode ter certeza que se eu chegar lá, no que depender de mim, todo mundo terá uma arma de fogo em casa, não vai ter um centímetro demarcado para reserva indígena ou para quilombola”.
Bolsonaro foi condenado em primeira instância pela ofensa racista, porém, foi absolvido na segunda. Na ocasião, a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas destacou que, “durante mais de três séculos e meio, pessoas negras foram legalmente comercializadas como escravas no Brasil, comercializadas inclusive em função da massa corporal que ostentavam”.
“Queimadinha”
Na semana passada, em sua live no Facebook, Bolsonaro fez outro comentário racista. Em tom de brincadeira, ele disse que o deputado Hélio Lopes (PSL-RJ), que é negro, teria dado uma “queimadinha” ao demorar para nascer.