Bolsonaro se encontrou com Witzel, Toffoli e Aras antes de vazamento sobre caso Marielle

De acordo com o presidente, Witzel lhe contou no dia 9 de outubro sobre o envolvimento de seu nome nas investigações. Desde então, Bolsonaro se preparou para reagir a um eventual vazamento

Wilson Witzel e Bolsonaro (Foto: Divulgação)
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Depois da veiculação de uma reportagem na noite de terça (29), pelo Jornal Nacional, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) declarou ao sair do hotel que está hospedado em Riad, na Arábia Saudita, que o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, lhe contou no dia 9 de outubro que seu nome foi citado nas investigações do caso Marielle e que o processo estava no Supremo Tribunal Federal. Desde então, Bolsonaro articulou encontros com diversas autoridades para se preparar para um eventual vazamento. "No dia 9 de outubro, às 21 horas, eu estava no Clube Naval do Rio de Janeiro quando o governador Witzel chegou para mim e disse: o processo está no Supremo", disse. "Que processo? O que eu tenho a ver? E o Witzel disse que o porteiro citou meu nome. Ele sabia do processo que estava em segredo de Justiça", continuou. A conversa entre os dois aconteceu no Clube do Exército, em Brasília, ocasião do aniversário do ministro Augusto Nardes, do TCU (Tribunal de Contas da União). Bolsonaro deixou a festa minutos depois da conversa com o governador fluminense. Desde então, o presidente se preparou para reagir a um possível vazamento da informação. Ele conversou sobre o tema, segundo informou Talita Fernandes e Gustavo Uribe, da Folha de S.Paulo, com amigos e aliados e fez diversas consultas sobre como deveria proceder. Na dia 16 de outubro, Bolsonaro recebeu 3 dos 11 ministros do Supremo no Palácio do Planalto. Ele teve uma audiência com os ministros Alexandre de Moraes e Dias Toffoli, presidente da corte. Na sequência, falou a sós com Gilmar Mendes. As reuniões não estavam previstas na agenda divulgada pelo Planalto. De acordo com a reportagem do Jornal Nacional, no dia 17, um dia depois do encontro de Bolsonaro com Toffoli, o presidente da corte teria recebido integrantes do Ministério Público Federal do Rio de Janeiro para tratar da menção a Bolsonaro na apuração sobre a morte de Marielle. Ainda naquela semana, antes de embarcar para uma viagem de 12 dias por países da Ásia e do Oriente Médio, Bolsonaro recebeu seu advogado Frederico Wassef e o procurador-geral da República, Augusto Aras. Mesmo sem analisar o pedido de abertura de inquérito direcionado pelo ministro da Justiça, Sergio Moro, Aras já classificou a notícia do JN como “factóide”, favorecendo o presidente.