Após um rápido discurso a apoiadores feito da varanda de sua casa no Campo Limpo, Zona Sul de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL), que foi derrotado por Bruno Covas (PSDB) na eleição deste domingo para o comando da capital paulista, fez uma transmissão ao vivo em suas redes sociais em que parabenizou seu adversário, agradeceu sua equipe e os apoios que teve ao longo da campanha e sinalizou que deve sair candidato em eleições futuras, adotando um discurso de otimismo com relação ao futuro.
Diagnosticado com Covid-19 na última sexta-feira (26), Boulos não foi votar e está em isolamento em sua casa. Com 99,90% das urnas apuradas, segundo dados do Superior Tribunal Eleitoral (TSE), o psolista obteve 40,72% dos votos válidos, enquanto o vencedor, Bruno Covas (PSDB), conquistou 59,38% dos votos.
"Quero agradecer em primeiro lugar às mais de 2 milhões de pessoas que apostaram numa cidade mais justa e menos desigual. Que votaram 50 com muita esperança. O recado de mais de 40% da população é claro: dá pra fazer política sem abrir mão de nossos valores", disse Boulos ao abrir sua fala.
O líder do MTST também parabenizou o atual prefeito, Bruno Covas, pela reeleição, e garantiu que vai cobrar e fiscalizar a gestão tucana.
"Quero cumprimentar Bruno Covas e desejar que ele tenha sorte nos próximos 4 anos. Que governe a cidade sabendo que mais de 40% querem mudança. O mandato que ele vai assumir a partir de janeiro não é um cheque em branco, vamos fazer nosso papel de cobrar e fiscalizar", declarou.
Em sua fala, Boulos citou os partidos de sua coligação, fez um agradecimento especial à sua candidata a vice, Luiza Erundina, e citou os apoios que recebeu no segundo turno do PT, Rede, PCdoB, PSB e PDT. Ele também cumprimentou lideranças políticas como Ciro Gomes, Lula, Marina Silva e Flávio Dino, que fizeram inserções em seu programa eleitoral na TV.
Para o psolista, sua derrota foi apenas eleitoral, mas o resultado nas urnas apontou, segundo ele, para uma vitória política. Todo o seu discurso foi baseando-se na ideia de que sua campanha construiu um movimento de esquerda que tende a ser inspiração Brasil afora.
"Vou trabalhar a partir de agora pra que o que a gente construiu aqui sirva de inspiração ao brasil pra ajudar derrotar o atraso e autoritarismo. Me coloco à disposição como sempre tive das lutas do nosso povo, em São Paulo e no país. Por democracia, justiça e direitos sociais", pontuou Boulos.
"Apontamos para o futuro. O que a gente viu é que muita gente voltou a ter esperança depois de tantas perdas. Essa foi a maior conquista da nossa campanha. Perdemos a eleição, mas ninguém perdeu a vontade de lutar por esse caminho pra gente seguir nos próximos anos. Hoje não é o fim de uma caminhada, mas o começo. O começo da vitória da solidariedade sobre a indiferença", completou o candidato, citando os mais de 2 milhões de votos que obteve.
Boulos ainda se dirigiu às populações de favelas e comunidades, e também àqueles que vivem nas ruas, afirmando que eles "não estão sozinhos". Segundo o psolista, o apoio massivo da juventude à sua candidatura mostra que uma futura vitória eleitoral é possível.
"A juventude tá do nosso lado, a juventude quer mudança. E quando a juventude quer, quando os jovens se mobilizam, aí é só uma questão de tempo", declarou.
"Quando a gente tem lado e sabe o que quer, a vitória vem. Digo olhando nos olhos de todos vocês: ela vai vir. Os mais de 2 milhões de votos mostram que a gente está no caminho certo. É a força, o ponto de partido para que a onda de esperança que a gente viu aqui não fique só aqui. Que siga de exemplo e inspiração", sugeriu. "Olhando pra história e pro futuro, não tenho dúvida que apesar de não ter ganho a eleição a gente saiu vitorioso. É o início de um ciclo que se anuncia", disse ainda o candidato.
Confira a íntegra de seu discurso.