Cadê as Forças Armadas para proteger o Brasil da insanidade de Bolsonaro?

Ah, já sei: estão do lado do insano que nos governa, em vez de estar do lado do país que juraram defender

Bolsonaro e Carla Zambelli em Florianópolis. Foto: Alan Santos/PRCréditos: Presidência da República
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CYNARA MENEZES

"Não fazemos juramento a indivíduos", disse o chefe do Estado Maior das Forças Armadas dos Estados Unidos, Mark Milley, diante da insistência do então presidente Donald Trump de não aceitar o resultado das eleições que perdeu para Joe Biden, em novembro do ano passado. "Não fazemos juramento a um rei ou rainha, a um tirano ou a um ditador. Não fazemos juramento a um país, a uma tribo ou religião. Fazemos um juramento à Constituição.”

No Brasil, o mais importante e significativo compromisso dos militares é o juramento à bandeira, onde deixam claro que sua missão é defender a Pátria e não o presidente aboletado no Planalto. "Prometo dedicar-me inteiramente ao serviço da Pátria, cuja honra, integridade e instituições defenderei com o sacrifício da própria vida", diz o juramento, que é feito diante do pavilhão verde e amarelo desde a época de recruta até o oficialato.

Nesta terça-feira, 10 de agosto, o presidente Jair Bolsonaro submeteu nosso país ao vexame internacional, colocando uma fileira de equipamentos militares sucateados para desfilar na Esplanada com o intuito de intimidar o Congresso Nacional no dia da apreciação em plenário do projeto do voto impresso (que foi derrotada). Por um capricho golpista, Bolsonaro expôs as Forças Armadas brasileiras a uma vergonha histórica, com tanques da década de 1970 soltando fumaça diante do Palácio do Planalto –e sendo que não temos nenhum inimigo externo que demandasse uma demonstração de "força".

https://twitter.com/pirescarol/status/1425060078114181120

Bolsonaro tem governado o país de forma indubitavelmente desastrosa. Desde a gestão ambiental criminosa até o combate à pandemia que não houve, todas as decisões que tomou foram danosas ao país, ao erário, à economia e à nossa imagem no mundo. É responsável direto pelas quase 600 mil mortes por Covid-19 no Brasil. Ao nomear militares para cargos antes ocupados por civis na Saúde, arrastou as Forças Armadas para o seu lamaçal de milicianismo, negacionismo e corrupção.

E isso teve um preço: uma pesquisa divulgada em junho mostra que a confiança dos brasileiros nos militares caiu 12 pontos percentuais desde que o governo começou e está em queda livre. Nos bastidores, generais reconhecem o impacto negativo do bolsonarismo na farda e encomendam pesquisa para conhecer o tamanho do buraco que cavaram com as próprias mãos.

O que nos leva a perguntar: cadê as Forças Armadas para proteger a nação da insanidade de Bolsonaro? A resposta a gente já sabe: estão do mesmo lado do insano que nos governa, em vez de estar do lado do país que juraram defender. A trincheira dos militares é a defesa de Bolsonaro, não do Brasil. Deveriam, por coerência, mudar o juramento à bandeira e parar de se autodenominarem "patriotas".