Câmara quer censurar pesquisas na véspera e em dia de eleição

Ideia, que está na proposta do novo Código Eleitoral, foi duramente criticada por entidades que atuam no setor. Especialistas veem cerceamento de informações que são relevantes para os eleitores

Foto: Agência Brasil
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O texto que servirá de base para o novo Código Eleitoral está em discussão na Câmara dos Deputados e traz uma ideia bastante controversa: proibir a realização e divulgação de pesquisas na véspera e no dia das eleições, além de exigir uma taxa de acerto dos institutos que fazem o levantamento.

A minuta da nova lei, que é relada pela deputada Margarete Coelho (PP-PI), figura como uma das prioridades determinadas pelo presidente da Casa, deputado Arthur Lira (PP-AL), que pressiona para que a proposta seja vota já na próxima semana.

Somente com a aprovação na Câmara e no Senado, e posteriormente com a sanção do presidente Jair Bolsonaro, é que o novo Código Eleitoral poderá entrar em vigor. Só que para valer no pleito de 2022, isso precisa acontecer até outubro deste ano.

A ideia de impor uma taxa de acerto, baseada em pesquisas anteriores realizadas pelos institutos, desagradou as empresas que atuam no segmento e despertou críticas de especialistas, que alertam para medidas que possam dificultar o acesso dos eleitores a informações relevantes sobre os candidatos.

Em entrevista à Folha de S. Paulo, o diretor do Datafolha, Mauro Paulino, afirmou que a ideia é velha e que não faz qualquer sentido. “É uma discussão superada, antiga, porque não existe percentual de acerto”, reclamou.

O diretor da Abep (Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa), Duilio Novaes, afirma que os institutos não fazem previsões, mas sim retratam momentos do cenário eleitoral, o que faz com que a medida não tenha qualquer respaldo na realidade.

“A gente não é bola de cristal. A gente ouve o eleitor naquele momento e retrata a opinião dele. Agora, se algo acontece no final do campo, após o término da pesquisa, a gente não consegue medir”, explicou.