Câmara do Chile aprova processo de impeachment contra o presidente Piñera

Para seguir adiante, medida precisa ser avalizada pelo Senado; ação é resultado de revelações do Pandora Papers e pode derrubar aquele que é um dos principais aliados de Bolsonaro na América Latina

Jair Bolsonaro e Sebastián Piñera (foto: Agência Uno)
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A Câmara de Deputado do Chile aprovou nesta terça-feira (9) a abertura de processo de impeachment contra o presidente Sebastián Piñera.

Foram 78 votos favoráveis (mínimo necessário), 67 contrários e 3 abstenções. Agora, para o pedido seguir adiante, precisa ser aprovado pelo Senado.

O presidente do Chile se tornou alvo de questionamentos dos parlamentares a partir da revelação do Pandora Papers.

No documento aparece uma um acordo referente à venda, em 2010, da mina de Dominga, um grande projeto de cobre e ferro no Chile. Na época das negociações, Piñera estava em seu primeiro ano como presidente.

Por sua vez, Sebastián Piñera rejeita as acusações e afirma que os detalhes do contrato estão na ação já analisada e que não há irregularidades.

O documento aprovado pela Câmara dos Deputados afirma que "a conduta reiterada e negligente do Presidente da República não só vai contra o princípio da probidade definido constitucional e legalmente, mas, adicionalmente, a sua violação implica a violação do artigo 19 n.º 8 da Constituição que em seu sentido amplo, é um mandato irrestrito de respeitar o meio ambiente”.

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Câmara dos deputados já havia tentado processar o presidente

Essa não é a primeira vez que a Câmara do Chile tenta aprovar um processo de impeachment contra a Piñera. Em 2019 o presidente havia sido acusado de "graves violações de Direitos Humanos cometidas por agentes do Estado", mas não foi adiante.

Caso o processo seja aprovado pelo Senado, Piñera será destituído do cargo e ficará impedido de exercer funções públicas por cinco anos.

Presidentes da América Latina também são alvos do escândalo dos Pandora Papers

O escândalo dos Pandora Papers atingiu não somente autoridades brasileiras, principalmente ligadas ao governo de Jair Bolsonaro. Três atuais presidentes e nada menos do que 11 que já deixaram seus cargos na América Latina utilizaram de paraísos fiscais ao longo dos anos. Integram a lista 90 políticos de alto escalão, congregações religiosas e artistas de fama mundial, bilionários.

O fato em comum que os une é que todos são de direita ou extrema direita. As reportagens do Pandora Papers foram reveladas neste domingo (3). O perfil dos latino-americanos foi divulgado pelo jornal espanhol El País.

Catorze dos 35 presidentes ou ex-presidentes citados nos documentos pertencem à América Latina. Entre eles, se destacam três ainda com mandatos: o chileno Sebastián Piñera, o equatoriano Guillermo Lasso e o dominicano Luis Abinader.

Entre os outros 11 latinos, aparecem os colombianos César Gaviria e Andrés Pastrana; o peruano Pedro Pablo Kuczynski; o paraguaio Horacio Cartes; e os panamenhos Juan Carlos Varela e Ricardo Martinelli.

Os documentos, então secretos, mostram negociações offshore do rei da Jordânia, dos presidentes da Ucrânia, Quênia e Equador, do primeiro-ministro da República Tcheca e do ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair.

Com informações da CNN Brasil