Câmara de Natal aprova moção de repúdio à tortura praticada por bolsonarista contra quilombola

"A luta contra o racismo é um trabalho diário e incansável", disse a vereadora Brisa Bracchi (PT), autora da moção

Luciano Simplício foi agredido e amarrado pelo bolsonarista Alberan Freitas | Reprodução
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A Câmara Municipal de Natal (RN) aprovou por unanimidade, nesta quarta-feira (15), uma moção de repúdio às agressões sofridas pelo jovem quilombola Luciano Simplício.

Simplício foi amarrado e torturado no último sábado (11), na cidade de Portalegre (RN), pelo comerciante bolsonarista Alberan Freitas, que segue solto.

O requerimento para a moção de repúdio aprovada pela Câmara de Natal foi apresentado pela vereadora Brisa Bracchi (PT), que acompanha de perto as investigações do caso.

"Após o ocorrido, toda a comunidade quilombola vem sofrendo ataques pejorativos, que tem o escopo único de tentar minimizar os fatos acontecidos e buscar desvirtuar o caráter racista do ato praticado pelo senhor Alberan", revelou a vereadora.

"A luta contra o racismo é um trabalho diário e incansável, até que todos tenham liberdade e tenham suas vidas respeitadas pela sociedade. Desta forma, casos como o que ocorreu na Cidade de Portalegre ensejam repúdio total da sociedade para que jamais voltem a acontecer. Neste sentido, além da apuração pelas autoridades policiais, é necessário que esta casa se posicione, enquanto representantes do povo, repudiando os atos racistas praticados contra o senhor Luciano e que se estende a toda a comunidade quilombola", escreveu ainda a petista.

Confira, abaixo, a íntegra do requerimento da moção de repúdio aprovada.

Tortura

O comerciante Alberan Freitas, que amarrou e espancou o jovem quilombola Luciano Simplício na cidade de Portalegre (RN), no último sábado (11), segue solto. A Polícia Civil, no entanto, avançou nas investigação, que antes apurava apenas “lesão corporal”, e passou a trabalhar também com crime de tortura.

“As imagens que circulam nas redes sociais são chocantes, considerando que a pessoa que fez a detenção do suspeito utilizou de força bruta. Ele chegou a deter o suposto autor do crime e, a partir dali, cometeu agressão contra o mesmo. O crime cometido será rigorosamente apurado pela Polícia Civil. A princípio, se veem ali elementos de tortura”, afirmou a delegada Ana Cláudia Saraiva, que acompanha o caso, em entrevista coletiva nesta terça-feira (14).

“A Polícia Civil irá investigar com todo o rigor se, naquela circunstância, naquela situação, materializou o crime de tortura em concurso material racismo e preconceito. Estamos acompanhando as investigações e iremos adotar todas as providências de acordo com as penas previstas em lei e encaminhar o fato ao Judiciário o mais rápido possível”, disse ainda Ana Cláudia.

O caso chocou o país a partir de vídeo que veio à tona nesta segunda-feira (13). Nas imagens, Alberan, que é bolsonarista, aparece pisando em Luciano, que estava amarrado e implorando por ajuda.

Segundo informações obtidas pela Fórum, Luciano é quilombola e está em situação de rua desde que perdeu os pais. O jovem teria jogado pedras no mercado de Alberan em reação a ataques verbais feitos pelo bolsonarista, o que teria levado o comerciante a amarrar o quilombola e arrastá-lo pelo chão.