Camponeses denunciam tentativa de privatização do Fórum Mundial da Água

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A Confederação dos Sindicatos Camponeses da Turquia (Çiftçi-Sen), membro da Via Campesina, junto a mais de 100 entidades de oposição social, que defendem o reconhecimento do direito à água, constituíram uma plataforma chamada "Não à comercialização da água" com o objetivo de realizar protestos e críticas contra o 5º Fórum Mundial da Água.

O evento internacional, que começou na segunda-feira (16) e termina no domingo (22), está sendo realizado em Istambul, na Turquia, e reúne cerca de 20 mil especialistas, representantes governamentais, cientistas e ambientalistas de 180 países. Organizado pelo Conselho Mundial da Água (CMA), uma organização suprarregional a que pertencem numerosos ministérios e instituições de todo o mundo, como o Banco Mundial e o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, o Fórum teve sua primeira edição em 1997 em Marrakech.

As organizações camponesas alegam que o CMA foi estabelecido por corporações multinacionais e por grupos de interesse privado com o objetivo de mercantilizar e comercializar os recursos hídricos e maximizar os potenciais lucros. "São o Banco Mundial e os monopólios da água que são dominantes no conselho e este está esforçando-se em assegurar que a lógica do lucro determine o destino da água", afirma a Via Campesina.

Em comunicado sobre a campanha contra o Fórum, a Via Campesina lembra que atualmente, na Turquia, se está preparando uma legislação que concederia a água dos rios, lagos e outros depósitos de águas a corporações. "Trata-se de uma nova fase de privatização da água", denunciam. A entidade ressalta que as Nações Unidas e o Banco Mundial consideram que a água é mais uma necessidade do que um direito: "Essa é uma diferença crucial. Quando se define a água como uma ‘necessidade’ e não como um ‘direito’ chega a ser possível mercantilizá-la e fazê-la entrar numa lógica comercial".

As organizações que fazem oposição ao Fórum realizaram protestos maciços na capital turca no domingo (15). A polícia de Istambul coibiu, com gás lacrimogêneo e golpes de cassetetes, as manifestações e prendeu cerca de 20 manifestantes. Ao longo da semana, as entidades emitiram discursos, realizaram oficinas e painéis com o objetivo de chamar a atenção para a parcialidade dos componentes do fórum.

Com informações da Adital.