Centrais sindicais e MST reunem-se em manifestação na Paulista

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No último dia da jornada nacional de lutas do MST, vários movimentos sociais uniram-se ao grupo em manifestação na avenida Paulista nesta manhã. Além de movimentos pela terra, também participaram  centrais sindicais, movimentos estudantis, movimentos feministas e alguns deputados.

O MST tem organizado manifestações e ocupações de órgãos governamentais em todo o Brasil desde a semana passada. Nesta segunda-feira, 10, o MST do estado de São Paulo chegou à capital e desde então tem organizado marchas diariamente. Além da exigência de assentamento para todas as famílias acampadas no país, o movimento também luta pela revisão dos índices de produtividade que determinam se a terra pode ser desapropriada para fins de reforma agrária ou não.

Segundo o MST, atualmente são 90 mil famílias que estão acampadas desde 2003 aguardando decisão do Incra para desapropriação de terras improdutivas e fundação de assentamentos. Em 2005, o governo federal havia prometido rever os índices de produtividade para a desapropriação de terras, cumprindo a lei agrária, mas até hoje os índices são os mesmos de 1975.

O Incra ainda argumenta que a crise do sistema financeiro iniciada no ano de 2008 reduziu as verbas para desapropriação, diminuindo o ritmo da reforma agrária. No entanto, o governo federal liberou em abril deste ano, com permissão do Conselho Monetário Nacional (CMN), R$ 12,6 bilhões de crédito para a agroindústria.

"O governo federal não tem priorizado as cooperativas dos sem-terra, tem priorizado o latifúndio. Eles não estão defendendo as reivindicações do nosso movimento", coloca Judite Santos, do MST de São Paulo.

As centrais sindicais resolveram aproveitar o momento de articulação do MST para também sair às ruas reivindicando que o Câmara dos Deputados aprove na semana que vem a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que reduz a jornada de trabalho de 44 horas para 40 horas semanais, sem redução de salários.

Segundo Vicentinho, do PT, houve pressão da bancada da oposição ao governo nesta semana para que a votação da PEC fosse adiada para semana que vem. As centrais sindicais prometeram levar 100 mil trabalhadores a Brasília no dia 25 deste mês, terça-feira, para pressionar os deputados a aprovarem a proposta.

Críticas

A discordância entre os movimentos sociais e sindicais tem sido o mesmo que tem pautado o debate político entre as bancadas no Congresso: o apoio ou não ao projeto do governo Lula com a aproximação das eleições de 2010. A Força Sindical e a CUT mantiveram os discursos de apoio ao atual governo, apesar da Intersindical e da Conlutas continuarem a denunciar o desemprego agravado pela crise econômica no início do ano.

"Agora o Brasil já se recuperou da crise econômica, já pode voltar a empregar", avalia Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, da Força Sindical. O discurso contrasta com o de outras centrais, como a Conlutas, que acreditam que a crise só passou para os banqueiros.

Mas a crítica mais incisiva dos setores de oposição foi com relação à postura do PT em proteger o senador José Sarney das acusações que tem recebido pelos atos secretos contratando funcionários públicos sem concurso.

O deputado do PSol, Ivan Valente, esteve presente e acusou o PT de sabotar a CPI da Dívida Pública criada por ele em dezembro de 2008. Ontem, 13, o partido retirou os nomes dos parlamentares que comporiam a bancada da CPI. O PSol já menifestou que pode entrar com ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para forçar a instalação da CPI, um direito das minorias reconhecido pelo tribunal.

As críticas só voltaram a ser consensuais no ataque aos governos do PSDB em São Paulo (SP) e no Rio Grande do Sul (RS). "O Serra tem investido 4 milhões em propaganda de um transporte que não existe, em moradia que não existe", denunciou Sonia Coelho, da Marcha Mundial das Mulheres.