Centrais sindicais fazem manifestação contra efeitos da crise sobre trabalhadores

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Seis centrais sindicais reuniram-se nesta segunda-feira, 30, na avenida Paulista, para marchar em direção à Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) em protesto contra as demissões e o arrocho salarial decorrentes da crise financeira global. Às 10h, em frente ao Banco Real, uma pista da via foi ocupada por representantes da Força Sindical, CUT, Conlutas, Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Nova Central Sindical, União Geral dos Trabalhadores (UGT) e também o MST.

O ato faz parte de uma agenda internacional de manifestações de trabalhadores do mundo todo. Já ocorreram protestos na Espanha, Portugal e França, e nesta semana estão programadas manifestações na América, como na Argentina e no Canadá. Todos os protestos têm como alvo a crise global e seus efeitos sobre os trabalhadores. As demissões em massa têm se tornado uma prática comum desde o fim do ano passado. O setor mais afetado pela redução de liquidez é o setor automotivo.

Muitas empresas têm pressionado pela redução dos salários com o argumento de que evitar demissões em massa, mas os sindicatos rejeitam essa proposta. Para eles, muitas empresas estão se aproveitando da crise para reduzir os salários. Mesmo para as mais afetadas pela crise, haveria outras saídas, como a redução de jornada, defendem os ativistas.

Divergências

Algumas centrais defendem que a redução de impostos seja um instrumento positivo na luta contra a crise. Para Geraldo Melhorine Filho, coordenador da Federação dos trabalhadores do Ramo Químico da CUT (FetQuim), a redução de impostos como o Imposto sobre Produtos industrializados (IPI) são “medidas paliativas, mas que incentivam o mercado e aquecem a produção”. Na semana passada, rumores indicavam que o governo poderia continuar com a redução do imposto sobre veículos para continuar a incentivar o consumo e produção. O prazo da medida provisória que reduziu o IPI desde dezembro do ano passado termina amanhã, 31.

Já Rogério Romanini, da Conlutas, é contra a redução do imposto. Em sua opinião, o governo tem que usar as reservas acumuladas em cinco anos de crescimento econômico para evitar a crise, mas não deve oferecer incentivos fiscais porque “esta crise não é curta”. O secretário-geral da Força Sindical, o Juruna, acredita que a redução do imposto só é válida se houver a garantia de que não haja reduções no emprego.

Enquanto as centrais se articulam conjuntamente em alguns momentos para lutar contra o desemprego e a favor da redução da jornada de trabalho, o Departamento Sindical (Desin) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) elaborou um documento com propostas de instrumentos jurídicos para evitar as demissões. Os sindicalistas não se manifestaram sobre a proposta.