Presidente do CFM reconhece que liberou cloroquina "sem evidência científica"; veja vídeo

Para o Ministério Público Federal há evidência de uma "atuação irregular" do CFM diante do chamado "tratamento precoce", comprovadamente sem eficiência contra a doença causada pelo coronavírus

Bolsonaro e Mauro Ribeiro - Foto: Presidência da República
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Em vídeo que circula pelas redes, o presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Mauro Ribeiro, reconheceu, em conversa com o representante do Conselho Regional de Medicina de Goiás, que liberou o uso da cloroquina contra a Covid "sem evidência científica" e "fora das normas" estabelecidas pelo órgão.

“Existem estudos observacionais para a hidroxicloroquina, mas não existe nenhuma evidência científica que comprove alguma eficácia da hidroxicloroquina” disse o presidente do CFM na conversa. Ele ainda completou: “Mas nós, numa decisão fora das nossas normas, acabamos liberando o uso da hidroxicloroquina. Fizemos uma análise grande do que existe na literatura e não tem nenhum trabalho que sustente a hidroxicloroquina como recomendável para o tratamento da Covid. No entanto, o Conselho Federal de Medicina liberou o uso”, disse Mauro Ribeiro.

Além disso, na mesma conversa o presidente do CFM ataca a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) por ter abertos escolas de medicina e afirmou que o órgão atua em parceria com o presidente Jair Bolsonaro.

"Não vamos recuperar o dano da época do governo da (ex) presidente Dilma e do ministro Alexandre Padilha", disse o presidente do CFM. "Teremos aproximadamente 1,5 milhão de médicos no Brasil, é a popularização da Medicina”, disse.

Em outro momento da conversa, o presidente do CFM declara o seu apoio ao presidente Bolsonaro. "Todas as nossas reivindicações foram atendidas pelo presidente, todas as nossas reivindicações. Ele nunca falou 'isso aqui eu não posso atender. Por isso existe sim apoio do Conselho Federal de Medicina ao Ministério da Saúde e ao presidente Bolsonaro".

A conversa, agora divulgada em vídeo, ocorreu em maio de 2020. O ex-prefeito da cidade de São Paulo, Fernando Haddad, ao tomar conhecimento do diálogo defendeu que Ribeiro seja julgado por um tribunal internacional.

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MPF vai investigar Conselho Federal de Medicina por suposto apoio a tratamento ineficaz contra a Covid

O Ministério Público Federal abriu inquérito para investigar a postura do Conselho Federal de Medicina (CMF) sobre a utilização do chamado “Kit Covid” em pacientes acometidos pela doença causada pelo coronavírus. Uma ação contra instituição está no radar dos procuradores.

A partir de uma representação do cardiologista Bruno Caramelli, professor da USP, o procedimento foi instaurado pelo MPF. Será investigado se Conselho apoiou “o uso indiscriminado do tratamento precoce com medicamentos sem nenhuma evidência científica sobre seus benefícios”.

A Procuradoria da República em São Paulo destacou que, “com base em informações preliminares, os autos em tela possuem diversos argumentos indicativos de uma atuação possivelmente irregular do CFM”.

Representado pela advogada Cecilia Mello, o médico denunciante aponta que, a inexistência de um posicionamento firme do CFM contra o uso de medicamentos “impulsiona um abrandamento das medidas efetivas de combate à pandemia”, como o distanciamento social e máscara, pois, a ausência de um posicionamento do Conselho induz a população a acreditar que há tratamento para além das vacinas.