Chapa Lula/Alckmin tem o simbolismo de unir os brasileiros, diz senador Humberto Costa

O parlamentar também afirmou que o ex-governador de São Paulo é uma figura de “dimensão nacional e conhecido por uma parcela expressiva da população”

Lula e Geraldo Alckmin | Foto: Ricardo StuckertCréditos: Ricardo Stuckert
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Em entrevista à Revista Fórum, o senador e pré-candidato do PT ao governo de Pernambuco, Humberto Costa, afirmou que “vê com bons olhos” a aproximação entre o ex-presidente Lula e o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin.

"Eu vejo com muitos bons olhos. Eu acredito que, além de haver uma contribuição do ponto de vista eleitoral, o Alckmin tem peso em São Paulo […] Ele também é um político de dimensão nacional, que é conhecido por uma parcela expressiva da população", diz Costa.

O senador também afirma que essa aproximação traz o simbolismo de "união dos brasileiros". "O mais forte desse entendimento, dessa possível aliança, é o simbolismo que ela traz, o simbolismo da necessidade de unir os brasileiros e brasileiras", destaca.

Além disso, Humberto Costa aponta que essa aproximação tem a força de trazer mais gente para aquilo que ele considera uma "reconstrução do Brasil".

Confira a entrevista na íntegra a seguir.

Fórum - O PT de Pernambuco indicou o seu nome para disputar o governo do estado de Pernambuco. Nas redes sociais, o senhor falou sobre, mas também da importância da construção de uma grande aliança nacional. Gostaria que você falasse um pouco sobre.

Humberto Costa - A nossa compreensão é de que essa será uma eleição muito difícil, que nós precisamos unir o maior número possível de brasileiras e brasileiros, de forças políticas organizadas para enfrentar a candidatura do presidente Jair Bolsonaro.

O presidente Lula é hoje é o que tem mais condição de liderar um processo como esse e vamos precisar unir o maior número possível de forças. Naturalmente, algumas alianças nós já temos cultivado há um bom tempo com um componente estratégico, que são partidos com perfil de esquerda e centro-esquerda e nisso se coloca o PSB, que é um aliado de primeira hora nessa caminhada com o presidente Lula.

E nós temos um entendimento com o PSB de que naqueles estados onde o PSB governa e coloca como sua prioridade, a primazia de apresentar um candidato é do PSB, porém, no caso nosso aqui de Pernambuco nós apresentamos o nome do PT como uma alternativa, uma contribuição ao debate. O governador do estado (Paulo Câmara-PSB), que tem a coordenação desse processo, acredito que levará todos os possíveis nomes em consideração.

Mas esse é o nosso objetivo: contribuir com a unidade e não estabelecer qualquer tipo de fragmentação ou de divisão dentro da Frente Popular.

Fórum - Na noite deste domingo (19) nós tivemos o encontro do Prerrogativas que reuniu lideranças do campo progressista e foi também o primeiro encontro público entre o ex-presidente Lula e Geraldo Alckmin. Como o senhor vê essa aproximação e a possibilidade do Alckmin ser vice do Lula?

Humberto Costa - Vejo com muitos bons olhos. Acredito que, além de haver uma contribuição do ponto de vista eleitoral, o Alckmin tem peso em São Paulo - nós temos força em São Paulo, mas naturalmente é onde também se encontram algumas dificuldades para nós deslancharmos. Isso é uma ajuda importante. Ele também é um político de dimensão nacional, que é conhecido por uma parcela expressiva da população.

O mais forte desse entendimento, dessa possível aliança, é o simbolismo que ela traz, o simbolismo da necessidade de unir os brasileiros e brasileiras, as forças políticas e sociais que terão que estar muito unidos para enfrentar o quadro de terra arrasada que vamos encontrar após a eleição, isso é, se nós ganharmos a eleição.

Eu acredito que contribui para isso. O presidente Lula vem com o espírito de reconstruir sem qualquer tipo de revanchismo. É uma sinalização política importante para a sociedade.

Fórum - Independente do Alckmin ser ou não o vice do Lula, acredita que ele pode abrir pontes com setores da sociedade que ainda são refratários ao PT e ao Lula?

Humberto Costa - Lula sempre teve uma excelente relação com setores da sociedade, inclusive o empresariado e não há um único empresário brasileiro, seja grande, médio ou pequeno, que não tenha melhorado, que não tenha crescido no período do governo Lula. Ele não depende de outrem para ter esse diálogo.

Agora, é lógico que ao longo desses últimos anos foi feita uma orquestração extremamente agressiva e violenta contra o PT, contra o presidente Lula e, sem dúvida, somar mais gente levando a importância dessa ação para a reconstrução do Brasil, ajuda muito.

Eu acho que contribui bastante para esse objetivo.

Fórum - Há uma preocupação com a eleição de uma grande bancada para a Câmara dos Deputado. Neste sentido, o senhor acredita que a Federação pode ser uma contribuição para isso?

Humberto Costa - Neste momento, o presidente Lula, todos nos PT… todos estão muito preocupados com o desenho que o Congresso Nacional vai ter, particularmente com a Câmara dos Deputados.

Hoje se estabeleceu uma tutela do poder legislativo sobre o executivo, particularmente na questão orçamentária, que tem feito com que o Congresso Nacional, o presidente da Câmara e do Senado são hoje os verdadeiros executores do orçamento.

Para mudar essa realidade é preciso que o governo construa uma maioria significativa baseada num programa político e não de uma forma de fazer política que dependa do fisiologismo que retira do executivo a possibilidade de implementar as políticas.

Eu acredito que a ideia da Federação ajuda nessa busca. Nós provavelmente vamos unir a esquerda, pelo menos uma parte significativa. Talvez isso nos permita, quem sabe, chegar a 150 parlamentares eleitos com uma federação que envolva PT, PSB, PCdoB, PV, e quem sabe outros partidos também, e isso já é uma grande largada para esse processo de tentar construir uma maioria sólida no Congresso Nacional.

Fórum - A eleição do ano que vem pode ter um caráter plebiscitário, de reconstrução da democracia no Brasil?

Humberto Costa - Eu acredito que sim. Nós temos praticamente dez meses pra eleição. Em dez dias muita acontece, quanto mais em dez meses.

O clima que há hoje no Brasil, se as eleições fossem hoje, se formaria muito mais do que um movimento em torno de um candidato, mas um movimento cívico em defesa do nosso país.

Eu acredito que o discurso do presidente Lula, embora sempre tenha a prioridade do combate à fome, a pobreza, mas também vai ser um discurso de resgate do processo civilizatório do nosso país que sofreu um retrocesso com o governo Bolsonaro.

Acredito muito que o Lula representa a reconstrução de um país arrasado pela incompetência, pela divisão, pelo discurso de ódio… é preciso ressaltar outros valores como a solidariedade, esse será o ambiente (da eleição) na minha avaliação.

Fórum - Como o senhor recebeu a vitória de Gabriel Boric à presidência da República do Chile?

Humberto Costa - Foi muito importante e não só porque o Chile é um país significativamente considerado do ponto de vista econômico, mas pela sua própria tradição histórica, pela sua posição estratégica que adquire com países que estão na área do Oceano Pacífico.

Eu creio que fortalece muito o desenho para duas eleições importantíssimas, talvez as duas mais importantes nesse próximo período que são a da Colômbia e a do Brasil.

E se nós tivermos sucesso e tivermos tantos governos progressistas nesses países será possível constituir uma sólida cadeia no sentido da construção de uma América Latina inclusiva que respeita os Direitos Humanos, mas principalmente que enfrenta as desigualdades sociais e a pobreza.