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Neste fim de semana em que se completaram três meses do início da revolta social, o Chile não parou de se manifestar. Embora os protestos tenham perdido a massividade das primeiras semanas – alguns ocorridos em outubro e novembro chegaram a mobilizar 2 milhões de pessoas, e os mais recentes reúnem cerca de 150 e 200 mil pessoas –, a indignação contra o sistema econômico neoliberal e contra o governo de direita de Sebastián Piñera continua presente na grande maioria da sociedade, e foi vista especialmente em grandes eventos esportivos e culturais.
Um desses eventos foi o Festival de Música Folclórica de Olmué, um dos mais importantes do país. Nas noites de sábado (18) e domingo (19), o público se manifestou várias vezes pedindo “renuncia Piñera”, especialmente durante as apresentações de artistas conhecidos por seu engajamento político, como o cantor Alex Anwandter.
No caso da banda Los Jaivas, que dedicou uma das suas canções aos mortos e torturados pela polícia nos últimos três meses, o grito do público passou a ser “Piñera assassino”.
Nos esportes também houve gritos contra o presidente. A Copa Chile de 2019, que está sendo decidida só agora, teve suas semifinais no sábado, e uma das partidas, entre Colo-Colo e Universidad Católica teve seu momento político quando as duas torcidas juntas cantaram “Piñera… filho da puta… assassino… igual ao Pinochet”. A partida foi vencida pelo Colo-Colo, nos pênaltis.
Na sexta-feira, uma pesquisa do instituto CEP (Centro de Estudos Públicos) mostrou que o presidente Sebastián Piñera conta com apenas 6% de imagem positiva, e 82% de imagem negativa.
Diante de tamanha rejeição presidencial, e com o anseio popular manifestado nos teatros e estádios de futebol de todo o país, a oposição também decidiu pressionar para adiantar a mudança de governo. O Partido Comunista, por exemplo, já apresentou uma proposta para antecipar as eleições. Segundo a deputada Karol Cariola, “Piñera já não tem legitimidade, e deveria renunciar. É o que toda a sociedade está pedindo, basta ver o que se diz nas ruas e em todos os locais públicos”.
A parlamentar também disse que a proposta poderia incluir todos os cargos públicos, incluindo o Legislativo. “Ao menos o Partido Comunista está disposto a fazer esse gesto e renunciar aos seus cargos no Congresso, se for uma ação transversal, para que convoquemos novas eleições gerais. Temos que ter a consciência de que a população está pedindo uma reformulação profunda no país.”