Cid Gomes rejeita negociações com universidades cearenses em greve

As universidades exigem investimentos do governador, que cortou 5 milhões da verba de financiamento da UECE

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As universidades exigem investimentos do governador, que cortou 5 milhões da verba de financiamento da UECE Por Isadora Otoni [caption id="attachment_36028" align="alignleft" width="300"] Atividades da UECE estão paralisadas desde o dia 22 de outubro (Wikimedia Commons)[/caption] Desde o dia 22 de outubro, os professores da Universidade Estadual do Ceará (UECE) entraram em greve. Desde então, estudantes e servidores da universidade aderiram ao movimento para exigir reformas nas contratações, na estrutura e na assistência estudantil. A Universidade Regional do Cariri (Urca) e a Universidade do Vale do Acaraú (UVA) também paralisaram suas atividades, pautando necessidades em comum com a UECE. A reitoria da UECE admite a necessidade da greve e concorda com as exigências do movimento. “A situação é tão gritante que, em reunião com o movimento #GreveNão, que se formou na universidade, o próprio reitor, Jackson Sampaio, teve que admitir que as pautas do movimento grevista eram legítimas e que a Carência de recursos na universidade é real”, relatou Maykol de Oliveira Camurça, integrante do Comando Geral da Greve. Entre as exigências comuns das universidades estaduais estão o concurso para professores efetivos, a criação do Plano de Cargos, Carreira e Salário dos servidores técnico-administrativos, a destinação de verba do Estado para assistência estudantil, a reforma estrutural da universidade e a democracia interna. No entanto, o governador Cid Gomes declarou que só abrirá negociações após o fim da greve. “O governador se mostra totalmente intransigente. Ele disse que a deflagração da greve foi uma medida "extrema". E realmente foi!”, declarou Maykol, que estuda História na UECE. Ele ainda esclareceu: “O governo simplesmente cortou 5 milhões da verba de financiamento da UECE, quando segundo a própria reitoria deveria aumentar para 21 milhões. A briga é pra que as universidades não fechem as portas. Realmente é o extremo da situação”. No dia 6, os estudantes fizeram um ato junto aos servidores e professores para abrir o diálogo com o governo. Entretanto, o governador e sua equipe não se encontravam no gabinete do Palácio da Abolição. “Como de costume, fomos recebidos pela polícia. No final das contas fomos violentamente reprimidos. Portanto, não há previsão de negociações”, lamentou o estudante. No entanto, a adesão da Ucra e da UVA à greve deu mais legitimidade ao movimento. “As três estaduais em greve mostram exatamente que o problema é crônico. Sistematicamente as universidades estaduais estão sendo deixadas de lado e sucateadas”, opinou Maykol. Pautas da greve A abertura de concurso para professores efetivos visa suprir o déficit nas universidades. Na UECE, esse déficit é de mais de 250, e somando as três estaduais, o número chega a cerca de 900. Já a criação de um plano de carreira para os servidores técnico-administrativos é uma proposta inovadora, já que nunca houve tal iniciativa na universidade. Quem realiza essas funções na UECE são os estudantes bolsistas que ganham em média apenas 240 reais. Já a destinação de verba para a assistência estudantil possibilitaria a permanência dos alunos da universidade. Com o investimento, poderiam ser construídas creches em todos os campi, restaurantes universitários, moradias, compra de ônibus para aulas fora do campus e aumento do valor das bolsas estudantis. O investimento na reforma e expansão da estrutura física da universidade permitiria a finalização de obras dos prédios da FATEC de Itapipoca e Iguatu e anexação à UECE. Para efetivar a democracia interna, a greve propõe mudanças similares ao movimento estudantil da USP. O fim da lista tríplice com substituição do voto direto e paritário para reitor e a realização de um congresso estatuinte da UECE democratizaria a estrutura da universidade.