Com candidatura na Câmara, Erundina coloca PT contra a parede nesta quarta-feira

Luíza Erundina - Foto: Antonio Augusto/Câmara dos Deputados
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Deputada do PSOL lança única candidatura da esquerda para a presidência da Câmara dos Deputados e transfere as preocupações para o PT, que até o momento cogitou apoiar um candidato do DEM ou do PMDB Por Victor Labaki A deputada Federal Luiza Erundina (PSOL-SP) oficializou sua candidatura para a Presidência da Câmara dos Deputados durante a tarde desta segunda-feira (11). Em uma eleição com mais dez candidatos oficiais, a deputada de 81 anos é a única que foge do tom geral e traz um discurso novo para o comando da Casa. Com a sua inscrição no pleito, Erundina também pode aproveitar o momento ruim que o Partido dos Trabalhadores está vivendo na Câmara para angariar apoio e, quem sabe, conseguir uma vitória inédita para o PSOL, mesmo que seja para um “mandato-tampão” de sete meses. O PT está com dificuldades de recompor a força que já teve na Câmara dos Deputados. A legenda não lançou candidato para a eleição desta quarta-feira (13) e chegou a cogitar apoiar o deputado Rodrigo Maia (RJ), do partido Democratas, que votou a favor do processo de impeachment contra a presidenta eleita Dilma Rousseff. Somente um rumor de um possível apoio gerou um conflito até mesmo dentro do partido. A senadora Gleisi Hofmann (PT-PR) publicou um vídeo no seu Facebook para se posicionar publicamente contra a orientação de voto em Rodrigo Maia. “Não estou acompanhando de perto as movimentações e articulações sobre a sucessão na Câmara dos Deputados, mas eu não consigo entender e muito menos concordar com o apoio da nossa bancada, dos partidos de esquerda, a uma candidatura do Democratas”, disse. Gleisi entende que está na hora do PT reafirmar sua identidade e fazer uma composição da esquerda. “Mostrarmos que o que está acontecendo no nosso pais é muito ruim para a democracia, para o Estado Democrático de Direito e para a conquista dos trabalhadores”, completou. Quem também criticou um eventual apoio do PT ao DEM foi o ex-governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro. Ele escreveu uma carta aberta aos deputados da corrente Mensagem ao Partido pedindo para que eles ponham fim na aliança com golpistas e que adotem um “isolamento digno”, fortalecendo candidaturas de esquerda. Em uma reunião no fim da tarde desta segunda-feira (11) o PT deliberou que não vai apoiar candidatos que tenham votado a favor do impeachment de Dilma. Segundo a Folha de S.Paulo, o deputado José Guimarães (PT-CE) diz que um dos nomes cogitados é o do ex-ministro da Saúde Marcelo Castro (PMDB), contrário ao impeachment de Dilma. Porém a eleição é amanhã e há pouco tempo para uma articulação com toda a Câmara. Jean Wyllys (RJ), deputado do PSOL, também publicou um vídeo sobre o lançamento da candidatura de Erundina. Na tarde desta segunda, uma imagem com a mensagem “Jean Wyllys para a presidente da Câmara" começou a circular nas redes sociais e foi replicado por diversas pessoas e veículos de esquerda. Jean agradeceu ao apoio, mas fez questão de dizer que o partido optou pela candidatura de Erundina por ela ser mulher e que a deputada representa integralmente suas propostas. Erundina frisa que a Câmara dos Deputados nunca foi comandada por uma mulher. “Há mais de 150 anos do Poder Legislativo, nunca uma mulher presidiu esta Casa”, disse a deputada durante uma entrevista coletiva. Um fato que pesa contra Erundina é que ela também é pré-candidata à Prefeitura de São Paulo nas eleições de outubro deste ano. Suas propostas de campanha para a Câmara dos Deputados são a Reforma Política, Reforma Tributária e uma política econômica diferente do ajuste fiscal em curso. Erundina também cita as minorias, principalmente as mulheres, e a defesa dos direitos humanos como um dos eixos principais de um possível mandato. Foto: Antonio Augusto / Câmara dos Deputados