Como Bolsonaro armou a recriação de Ministério da Segurança Pública para tirar poder de Moro

Informação do editor da Fórum em seu blogue de que Bolsonaro não engoliu a forma como Moro se apresentou no Roda Viva acaba de ser confirmada

Foto: Carolina Antunes/PR
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O repórter Igor Gielow, da Folha de S. Paulo, acaba de confirmar a informação do editor da Fórum em seu blogue de que Bolsonaro não engoliu a forma como Moro se apresentou no Roda Viva e o fato de ele não ter aceitado assinar documento de que não será candidato a presidência da República em 2022. Gielow diz que o pedido de recriação do Ministério da Segurança Pública foi articulado com o presidente Jair Bolsonaro antes de sua reunião com secretários estaduais do setor, ocorrida na quarta-feira (22). O colegiado que reúne os secretários tinha reunião marcada para às 9h da quarta, em Brasília. A recriação da pasta não constava da pauta. Duas horas antes do encontro, porém, o secretário de Segurança do Distrito Federal, Anderson Gustavo Torres, foi recebido por Bolsonaro no Planalto. Na sequência, informou ao presidente do Conselho e ao secretário baiano Maurício Teles Barbosa que haveria a possibilidade de encontrar Bolsonaro naquela tarde e que o tema da reunião seria a recriação da pasta — que estava sob a guarda do Ministério da Justiça, de Moro. Os secretários e seus representantes presentes teriam estranhado, segundo Gielow. Foi feita uma votação e o pedido passou, mas no limite. Foram 11 votos a favor da confecção do pedido de recriação e 9 contrários. Apesar do quase empate e de estados importantes, como São Paulo, terem se posicionado de forma contrária à divisão, bastou para que Bolsonaro já divulgasse isso quase como uma “ordem” do colegiado. Gielow confirma que a “desculpa” de Bolsonaro é a desaprovação da entrevista do ministro no programa Roda Viva (TV Cultura), onde ele não teria sido enfático na defesa do chefe ante críticas de jornalistas. Se o ministério da Segurança Pública for recriado, a Polícia Federal e outras estruturas automaticamente saem do controle de Moro, como a PF que acompanha investigações politicamente sensíveis, como a de Flávio Bolsonaro e a do assassinato da vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes.