Contra transgênicos, agricultores se mobilizam na Paraíba

O encerramento da 4ª Festa Estadual da Paixão, em Patos (PB) teve troca de sementes e leitura de manifesto a favor da agricultura familiar e contra o agronegócio.

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O encerramento da 4ª Festa Estadual da Paixão, em Patos (PB) teve troca de sementes e leitura de manifesto a favor da agricultura familiar e contra o agronegócio. Por Brunna Rosa No encerramento da quarta edição da Festa Estadual da Paixão, em Patos, na Paraíba, nesta quarta-feira, 25, um manifesto pedindo estudos sobre os impactos dos organismos geneticamente modificados na saúde humana e no meio ambiente foi lançado (leia aqui). O encontro contou com a presença de cerca de duas mil pessoas, principalmente agricultores do Sertão, de Cariri, do Seridó, do Agreste, do Curimataú, do Brejo, do Litoral da Paraíba e de outros produtores do Nordeste. De 23 a 25, agricultores, ativistas e técnicos em agroecologia, discutiram a conservação das sementes da paixão, agricultura familiar, reforma agrária, agrobiodiversidade, manejo sustentável dos recursos hídricos e da terra, uso de defensivos agrícolas e políticas públicas. As sementes da paixão são as espécies nativas de roçado, naturalmente adaptadas à região. Junto às sementes, a luta é para preservar o conhecimento construído e socializado por homens e mulheres locais para a garantia e autonomia das famílias do semi-árido brasileiro em relação a segurança alimentar. No último dia, 25, uma feira de Sementes da Paixão foi montada para a troca de experiências e comercialização de produtos agroecológicos. Troca de experiências Uma das bancas de exposição mais visitadas era o do Meio Sertão. O agricultor João Guerra Filho, de 44 anos, habitante de São Mamede, a 23 quilômetros de Patos, Paraíba, explicava com entusiasmo a história de cada semente que trazia. Trocava dicas com outros agricultores e aconselhava Ionaldo de Lima, de Cariri, a deixar a semente de batata de purga, um minuto na água morna, antes de plantá-la. João, que gosta de ser chamado de “Seu Juquinha”, orgulhava-se das embalagens de suas sementes, onde pode-se ler; “produzido sem uso de agrotóxico”. Com o mesmo orgulho Seu Juquinha apresenta a família, todos agricultores familiar. Outra banca, animada pelos preceitos de Padre Cícero em ritmo de forró, era a de Alto do Sertão. Zé Filiciano e Ancelmo Pereira, se dizem “agricultores desde que se conhecem por gente”, e mostravam um milho colorido, cruzado naturalmente, com as “sementes que Deus fez”. Ambos os agricultores fazem parte do banco de sementes comunitário de Alto do Sertão e trouxeram a experiência dos milhos coloridos para apresentar a outros agricultores. Sementes da Solidariedade Em um palco montado próximo a Avenida Epitácio Pessoa, rua principal de Patos, Isidoro Revers, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), mais conhecido como Galego, falava sobre a importância da agricultura familiar e da solidariedade entre as regiões e diferentes povos, para “vencer o agronegócio, as multinacionais, como Cargill e Monsanto, e as “sementes do mal”, quer dizer as transgênicas. Em seguida, os organizadores do evento liam o manifesto contra os transgênicos, e a carta política do encontro, onde condena-se a transposição do Rio São Francisco, a liberação dos transgênicos, e a monocultura, por serem as principais ameaças a continuidade das “sementes da paixão”. O Bispo da cidade, Dom Manoel Farias, encerrou o evento abençoando as sementes, que posteriormente seriam trocadas entre as diferentes comunidades, e agradeceu aos agricultores por “ensinar como viver em uma região tão carente quanto o semi-árido nordestino”. Leia ainda: Contaminação por transgênicos cresce, aponta membro da CTNBio