Não tem maior fuleragem que mané conservador

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Abaixo, um cordel de minha autoria escrito em mote: NÃO TEM MAIOR FULERAGEM QUE MANÉ CONSERVADOR Por Jarid Arraes Sempre tem um povo chato Da vida alheia cuidando Só sabe viver falando Parece um talento inato. Pregando sempre recato, Vai posar de educador. Feito um cão enganador Fingindo uma boa imagem: Não tem maior fuleragem Que um mané conservador. Tem do tipo recalcado Que não quer te ver feliz Vem dar uma de juiz Sempre muito indelicado. Se faz de despirocado Pra pagar de opinador, Mas é um sabotador Capitão da trairagem. Não tem maior fuleragem Que um mané conservador. O pior tipo que acho É o santo do pau ôco: Vive no maior sufoco Tentando apagar o facho. Mas a peste do diacho Treina pra ser ditador, Esconde que é pecador Se fazendo de miragem. Não tem maior fuleragem Que um mané conservador. Eu conheço um povo vil Que de gay tem muito nojo Só faz cara de entojo Não cumpre o dever civil. Feito praga dum covil, Tentar impedir o amor. Bicho assim perturbador Xinga até de "viadagem". Não tem maior fuleragem Que um mané conservador. Se quiser me enraivar Nem precisa de firula Basta amar a ditadura Querer golpe militar. Não podemos tolerar, Prosa de torturador Torpe e manipulador, Violento, sem coragem. Não tem maior fuleragem Que um mané conservador. Tem o "cidadão-de-bem" Que se acha o maioral Pensa em combater o mal Mas não liga pra ninguém. Pra ele, o João Ninguém Não possui nenhum valor. Se não for rico doutor, Só pode ser bandidagem. Não tem maior fuleragem Que um mané conservador. A "família nuclear" Já é coisa do passado Um modelo fracassado Que só posso desprezar. Não quero me enojar Com padrão limitador Além de alienador É só pura bitolagem. Não tem maior fuleragem Que um mané conservador. Não suporto a hipocrisia De quem é contra o aborto Mas quando é pro seu conforto Já não chama de "heresia", Tendo grana, a burguesia, Paga mesmo é pro doutor Passar logo um coletor Pra abafar a sacanagem. Não tem maior fuleragem Que um mané conservador. A maconha é uma ameaça Pra quem é ignorante. O tipo mais irritante É aquele Zé Manguaça Que só vive na cachaça, Mas se acha um orador. Dando uma de pregador, Fala da vagabundagem. Não tem maior fuleragem. Que um mané conservador. Tem ainda o programado Que vive pra trabalhar, Se recusa a enxergar Que tá sendo é explorado. Cheio de papo furado, Detesta o contestador Teme o colonizador, Fala mal da "vadiagem". Não tem maior fuleragem Que um mané conservador. Um tipinho descabido Que me deixa irritada Fala só da mulherada Medindo todo vestido. Não sendo muito comprido, Não importa se é calor Do tamanho faz valor Pensa que é uma embalagem. Não tem maior fuleragem Que um mané conservador. O machista puritano Teme sempre o sensual Acha que não é normal Esse vil prazer mundano. Se afogando no engano, Da mulher é opressor. Julga ser dominador Pra impedir libertinagem. Não tem maior fuleragem Que um mané conservador. Tantos outros casos são Dessa imensa hipocrisia. Como podre eugenesia Que não mostra concessão, Não permite a digressão Nem se faz acolhedor. Da alegria é matador Chefe duma carceragem, Não tem maior fuleragem Que um mané conservador. Não aceito essa raça Sufocada de amargura É só o amor que cura Esse mundo de desgraça. Visto uma forte couraça, Pra enfrentar o agressor. Sem receio e sem temor Acho pura besteiragem. Não tem maior fuleragem Que um mané conservador. FIM   Leia outros cordéis de minha autoria: Cordel - Aborto Cordel - Não me chame de mulata Cordel - Chica gosta é de mulher Para encomendar esses e outros títulos: www.jaridarraes.com/cordel   Foto de capa: Reprodução / Facebook