O presidente do Equador, Rafael Correa, comemorou em Guayaquil, sua cidade natal e reduto da oposição, os resultados das pesquisas de boca-de-urna que indicam que a nova Constituição do país foi aprovada com entre 66% e 70% dos votos no referendo deste domingo, 28.
Correa disse que o sim obteve uma "vitória esmagadora" e fez um apelo pela unidade do país.
"Hoje o Equador decidiu por um novo país. As velhas estruturas foram derrotadas. Esta é a confirmação dessa Revolução Cidadã que oferecemos ao povo em 2006", disse o presidente logo após a divulgação das pesquisas de boca-de-urna.
Cerca de 10 milhões de eleitores votaram no referendo deste domingo para decidir sobre a aprovação ou não da nova Constituição, que foi debatida durante oito meses por uma Assembléia Constituinte.
Mudanças
Correa vê na nova Carta Magna a possibilidade de modificar o modelo econômico e sentar as bases para a consolidação do "socialismo do século 21", a exemplo dos vizinhos Venezuela e Bolívia.
Entre as mudanças previstas na nova Constituição estão a reeleição presidencial, o fim da autonomia do Banco Central, educação e saúde gratuitas.
A oposição considera que a Constituição "concentra poderes" nas mãos do presidente e abre caminho ao "totalitarismo".
"É um projeto totalitário, porque o Estado assumirá o controle absoluto sobre o desenvolvimento econômico, diminuindo a participação do setor privado", disse à BBC Brasil o ex-presidente Lúcio Gutierrez, derrotado em 2005 depois de um levante popular contra seu governo.
Modelo econômico
O novo texto concede ao Estado o direito de regular setores da economia considerados estratégicos, como petróleo, mineração, telecomunicações, água e agricultura.
O economista Alberto Acosta, ex-presidente da Assembléia Constituinte, disse à BBC Brasil que o novo modelo econômico proposto no documento "dará fim à era neoliberal" que "levou o Equador a décadas de instabilidade política e financeira".
Acosta afirmou que as mudanças não serão realizadas da "noite para o dia". Para o economista, porém, a nova Carta Magna "sintetiza as propostas de mudança do povo equatoriano".
Entre as alterações mais polêmicas estão a que prevê a união de casais do mesmo sexo e a que outorga à família o direito de decidir quantos filhos ter.
Para a cúpula da Igreja Católica, que fez campanha contra a nova Constituição, a medida abre caminho para a legalização do aborto.
Com a aprovação da nova Constituição, os equatorianos iniciarão um regime de transição no qual uma comissão regulará as atividades do Estado até a realização de eleições gerais, inclusive para a Presidência, no início de 2009.
(Com informações da BBCBrasil)