Depois de publicar – e apagar – mensagem no Twitter em que recomendava isolamento social como uma forma de prevenção à transmissão do novo coronavírus, o Ministério da Saúde postou uma sequência na rede social dizendo que as pessoas de fora do grupo de risco para a doença devem manter suas atividades normais, “com os cuidados recomendados pelos protocolos do ministério”.
O texto apagado era uma resposta a uma usuária que dizia que o antibiótico azitromicina podia ser usado no tratamento da Covid-19. A mensagem dizia: “Olá! É importante lembrar que, até o momento, não existem vacina, alimento específico, substância ou remédio que previnam ou possam acabar com a Covid-19. A nossa maior ação contra o vírus é o isolamento social e a adesão a medidas de proteção individual”.
Ou seja, ela dizia, corretamente, que não existe atualmente um remédio que cure a doença em si. Os medicamentos usados no tratamento de pessoas infectadas combatem os efeitos que ela provoca no paciente.
Mas o ministério, chefiado por Eduardo Pazuello, tem incentivado o “tratamento precoce”, que inclui procurar atendimento médico no aparecimento dos primeiros sintomas. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) defende o uso da cloroquina, substância sem eficácia comprovada, nesse tratamento precoce, e afirma que a utilizou e se curou da Covid-19.
A mensagem também defendia o isolamento social como forma de evitar o contágio. A medida sempre foi atacada por Bolsonaro, que queria o “isolamento vertical” – afastamento apenas de pessoas do grupo de risco de suas atividades. Essa alternativa sempre ignorou o fato de que pessoas mais vulneráveis podem morar com outras que não são do grupo de risco, expondo-as à infecção.
A nova sequência
O novo texto publicado pelo ministério "obedece às diretrizes” de Bolsonaro.
Na mensagem, a pasta recomenda o tratamento precoce da doença, com procura por atendimento médico nos primeiros sintomas.
A publicação segue dizendo que pessoas no grupo de risco “devem se precaver e evitar o contato com o público”. No entanto, afirma que aqueles “que estão fora do grupo de risco e as crianças devem continuar suas atividades normais, com os cuidados recomendados pelos protocolos do ministério”.
Veja a sequência.
A sequência foi novamente alvo de críticas de usuários do Twitter, que voltaram a publicar a mensagem anterior, que foi apagada, dizendo que aquela trazia as orientações corretas.
A primeira polêmica
A exclusão da mensagem provocou uma onda de postagens críticas no Twitter, levando o Ministério da Saúde a ser um dos assuntos mais comentados na rede social.
Os usuários recuperaram imagem da postagem e a republicaram, com textos que no geral diziam que, quando o ministério acerta numa recomendação sobre a Covid, recua e apaga a publicação.