Criticado, "Espaço Favela" do Rock in Rio tem homenagens a Marielle e DJ Rennan da Penha

Com polêmico som de helicóptero, palco tem apresentações fortes, mas coleciona polêmicas

Reprodução/TV Globo
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O palco "Espaço Favela" do Rock in Rio tem sido criticado desde que foi anunciado por representar para muitos uma segregação dos artistas negros e da favela com o resto do festival, além de apresentar um polêmico som de helicóptero em referências às operações policiais que afetam os moradores. Nesta sexta-feira, as apresentações no palco foram marcadas por mensagens críticas dos artistas que se apresentaram.

Pôlemicas do Palco Favela

Com apresentação fixa do grupo Nós do Morro, o palco se inicia com uma performance que gerou polêmica nas redes sociais. Em dado momento, um som de helicóptero começa a tocar, em referência às operações militares aéreas, defendidas pelo governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel. Pelas redes, usuários criticaram a utilização do som. "O Espaço Favela do Rock in Rio (problemático por si so) em toda sua distância do mundo real, achou que seria de uma ideia incrível, usar uma sonoplastia de helicóptero pra incorporar o cenário. Sério, essas pessoas tão ficando malucas. Com certeza, é uma galera que nunca pisou numa favela (festinha no Vidigal não conta) e sem rotina nenhuma dela. Porque não tem ideia do que é o pavor desse barulho", publicou Luiz Carlos Oliveira no Facebook, em postagem que viralizou. Ele conta que o som dos helicópteros tiram o sono dele. Com a repercussão, a produção do festival disse que o uso da sonoplastia era parte da apresentação do grupo, que completa 33 anos. Segundo uma das diretoras da peça, o som entra em um contexto artístico "Essa bailarina tenta expulsar esse som. Ela não quer esse som. Essa é nossa interpretação artística", disse Fátima Domingues ao G1. Além disso, algumas pessoas criticaram a própria estrutura do palco, dizendo que ele tem uma estrutura bem inferior a dos outros. "De todos os palcos é o mais zuado. Zero estrutura comparado com os outros, sem cobertura, sem iluminação, o som não é tão bom... Nem parece um palco do Rock in Rio", disse a artista Amanda Sarmento pelo Twitter. "O maneiro do palco favela são as pessoas que lá vão tocar, mas a estrutura é patética com esses barracos, essa romantização e homenagem a uma área tão sofrida só pra burguês tirar onda", disse o cantor Filipe Papi. Em entrevista ao O Globo, o jornalista Leonardo Oliveira criticou a ideia. "Entendo a proposta da representatividade, mas o palco também pode ser interpretado como fetichização da favela num momento em que se luta tanto contra estigmas", declarou. Os ingressos caros e a representação estigmatizada também foram alvos de críticas.

Apresentações

Mesmo com todas as polêmicas, os shows foram carregados de crítica e resistência. Além do grupo teatral, se apresentaram neste primeiro dia de festival (27) Heavy Baile, MC Carol, Tati Quebra Barraco, Gabz e Abronca. Durante as apresentações, a vereadora Marielle Franco, assassinada em março de 2018, e o DJ Rennan da Penha, ícone do funk carioca 150 BPM preso injustamente, receberam homenagens. Marielle também foi homenageada na abertura do Rock in Rio e Rennan foi saudado como "o maior artista preto oriundo da favela". O show do grupo Heavy Baile com as funkeiras MC Carol e Tati Quebra Barraco era bastante aguardado e lotou o palco. Nas redes, a apresentação foi muito celebrada. https://twitter.com/nseioqnseiqla/status/1176994675510710272   https://www.facebook.com/luizcarlos.oliveira.92/videos/2591057920958117/