Crivella manda e O Dia demite jornalista

O bispo negou que tenha algo a ver com a demissão de Caio Barbosa, mas é desmentido pelo jornalista e pelo próprio jornal. Matéria que teria sido o pivô da história foi retirada do ar, mas pode ser lida na íntegra aqui.

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O bispo negou que tenha algo a ver com a demissão de Caio Barbosa, mas é desmentido pelo jornalista e pelo próprio jornal. Matéria que teria sido o pivô da história foi retirada do ar, mas pode ser lida na íntegra aqui. Da Redação com Informações do Mídia Ninja O jornalista Caio Barbosa foi demitido do jornal O Dia por exigência do prefeito do Rio, bispo Marcelo Crivella, feita diretamente ao dono do jornal. A exigência foi feita após o jornalista publicar matéria denunciando a situação dos postos de saúde do município frente à campanha contra a febre amarela. A matéria, que estava neste link, foi retirada do ar, mas foi publicada pelo jornalista e pode ser lida abaixo*. O prefeito desmentiu em nota no seu Facebook que tenha envolvimento com a demissão. De acordo com o prefeito, “É falsa a informação divulgada nas redes sociais atribuindo a mim o pedido de demissão do jornalista Caio Barbosa do Jornal O Dia. Jamais faria isso. Declaro de forma veemente que respeito os profissionais de comunicação e a liberdade de imprensa”. Cid Benjamin, que é colunista do jornal O Dia, no entanto, denunciou a manobra do prefeito em nota no Facebook: “Crivella afirmou, em nota, que não pediu a demissão de Caio Barbosa ao jornal O Dia. Mas foi o que o jornal disse ao Caio quando o demitiu. E agora? Quem está mentindo?”. Crivella diz ainda em sua nota que repudia perseguições políticas e cita, ao que tudo indica em tom de ameaça, o caso do irmão de Marcelo Freixo, que trabalha na prefeitura do Rio: “Aliás, apenas para desmascarar essa descabelada infâmia, lembro que o irmão do deputado Marcelo Freixo, Guilherme Freixo, encontra-se no quadro de funcionários da Prefeitura”. Caio Barbosa publicou agradecimento em seu perfil do Facebook: Publicação de Caio Barbosa no Facebook *Febre amarela: população critica filas e falta de informações nos postos Caio Barbosa O medo da febre amarela fez o carioca acordar cedo, ontem, para correr aos postos de saúde em busca de vacinas para se proteger da doença. Mas em vez de uma solução, o que se viu foram filas, mau atendimento e falta de informação. Na Tijuca, moradores chegaram antes das 7h ao Centro de Saúde Heitor Beltrão, na Rua Desembargador Isidro, e tiveram de esperar até 13h para serem vacinados. A falta de cuidado, de informação e atenção dos funcionários com quem chegava à unidade de saúde davam o tom do atendimento. "Cheguei aqui às 7h e só vacinaram os 80 primeiros. Eu fui a de número 81. Quando chegou a minha vez, disseram que só havia mais 80 vacinas para a parte da tarde. E que eu deveria ficar aqui até a tarde se quisesse ser vacinada. Uma falta de respeito", reclamou Sônia Penha de Oliveira Nascimento, de 53 anos. O engenheiro Hugo Blasquez, que estava exatamente atrás de Sônia na fila, se aborreceu pela segunda vez nesta semana no posto de saúde da Tijuca. Na terça-feira, sua esposa, maior de 60 anos, foi ao posto munida de um atestado médico que lhe autorizava a receber a vacina, e ainda assim saiu sem receber a dose. "Ela ficou na fila e, na vez dela, quem a atendeu se recusou a vacinar porque no atestado estava a palavra "liberada" em vez de "apta". É inacreditável. Hoje, colaram cartaz informando que apenas quem está com viagem marcada seria vacinado. Mas a própria pessoa que colou o cartaz, diretora do posto, disse que a informação estava errada. Como pode uma coisa dessas?" reclamou. A diretora do posto de saúde, que se apresentou como Patrícia, disse que não poderia dar declarações, e que estas seriam de responsabilidade da secretaria municipal de Saúde. Quem esperava por uma vacina, no entanto, cobrava explicações que não vinham. "Não era essa a gestão que prometeu cuidar das pessoas? Bem, pelo que a gente está vendo até agora, parece mais humilhar as pessoas", criticou a professora Luiza Souza Gomes. Na Zona Sul, no Centro de Saúde Píndaro de Carvalho Rodrigues, na Gávea, a falta de vacinas suficientes também provocou filas. Naquela unidade, apenas 100 pessoas foram vacinadas pela manhã, e outras 100 à tarde. Muitas voltaram para casa insatisfeitas. Caso do cantor Leo Jaime, que não conseguiu vacinar o filho Davi, de 9 anos. "Os funcionários até que nos explicaram a situação. A culpa não é deles. São 100 vacinas, mas a questão é que há um caso de urgência, há muitas pessoas apavoradas. Cinco macacos morreram na região devido à doença. Eu moro em frente ao Parque Lage e todos lá consideram que a questão é urgente, menos a prefeitura. Aumentar a vacinação nas escolas, a informação, tomar medidas que tranquilizem a população, pelo visto, não é com a prefeitura", lamentou Leo Jaime. A secretaria municipal de Saúde informou que até o dia 28 haverá a ampliação do número de pontos de vacinação – de 34 para 233 unidades da rede de Atenção Primária (Clínicas da Família e Centros Municipais de Saúde), após reforço no estoque da vacina. Ao todo, o Rio receberá 1,5 milhão doses. Em nota oficial divulgada na segunda-feira, a secretaria informou que o "Rio permanece fora da zona de risco da doença" e "que não há casos de febre amarela urbana no país desde 1942". “É muito importante que a população tenha em mente que poderá buscar a vacina na rede durante todo o ano e que é muito importante respeitar as indicações para a vacina, uma vez que este imunizante é feito com vírus vivo atenuado, o que pode gerar efeitos colaterais graves. Todos serão imunizados, não há motivo para alarde ou corrida aos postos”, explicou o secretário municipal de Saúde, Carlos Eduardo, na nota. A vacina da febre amarela tem contraindicações que serão rigorosamente seguidas pelas equipes técnicas. Não podem tomar a vacina crianças menores de 9 meses e adultos acima de 60 anos; gestantes e mulheres que estejam amamentando crianças menores de 6 meses; pacientes com doença ou em tratamento que cause imunodeficiência, como câncer ou HIV sintomático; pessoas com história de reação anafilática relacionada a substâncias presentes na vacina ou alergia a ovo de galinha e seus derivados. Os pontos de vacinação abrem diariamente às 7h e distribuem senhas para a vacina da febre amarela, conforme suas capacidades técnicas de segurança dos pacientes e boas práticas de vacinação. As senhas também são distribuídas na parte da tarde. Em abril, todas as unidades de Atenção Primária estarão aptas a aplicá-la e a vacina passará a fazer parte do calendário de imunização do Estado do Rio.