Dallagnol diz que PGR acessar dados da Lava Jato é como banqueiro ver conta de cliente

Coordenador da força-tarefa em Curitiba não quer que a chefia do Ministério Público Federal verifique provas e documentos obtidos pelos procuradores

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O procurador Deltan Dallagnol, coordenador da Lava Jato em Curitiba, afirmou que um acesso indiscriminado a provas e documentos da força-tarefa pela Procuradoria-Geral da República é como um banqueiro acessar dados sigilosos de um correntista sem justificativa. O acesso é defendido pelo procurador-geral Augusto Aras.

"A Justiça dá acesso a informações sigilosas para permitir o avanço de investigações ou processos criminais e é só com esse propósito que o acesso pode ser estendido a terceiros. Do mesmo modo, o chefe da Receita Federal não tem o direito de ver o Imposto de Renda de um certo contribuinte, e o banqueiro não deve acessar os detalhes dos gastos de um correntista, sem justi?cativa", disse o procurador, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo.

"Quando as informações são sigilosas, há regras para o acesso", completou.

A PGR tentou, há cerca de duas semanas, obter o acervo de informações da Lava Jato, o que gerou o maior conflito entre o comando do Ministério Público Federal e os integrantes da força-tarefa em seus seis anos de existência.

Um grupo de procuradores pediu demissão. Na sequência, Aras disse que a equipe de Curitiba “não é um órgão autônomo” e precisa “obedecer normas".

Deltan também defendeu “freios e contrapesos” em uma eventual unidade na estrutura da PGR para integrar diferentes forças-tarefas, outra medida que é criticada pelo grupo de procuradores por temerem perda de autonomia. Na entrevista, ele ainda voltou a negar que a Lava Jato ajudou a eleger Jair Bolsonaro em 2018.