Delegacia investiga intolerância em ataque à imagem de orixá em Brasília

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A imagem de Oxalá, colocada na Praça dos Orixás, foi destruída por um homem que ateou fogo nela; líderes de religiões de matrizes africanas se preocupam com o aumento da violência com motivação religiosa Da Agência Brasil A Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual ou contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência (Decrin) recebeu, na manhã desta segunda-feira (11), ocorrência sobre ataque à imagem do orixá Oxalá, instalada na Praça dos Orixás, no Lago Sul, em Brasília. A delegada-chefe da Decrin, Glaucia Cristina da Silva, informou que as testemunhas ouvidas até o momento informaram que viram uma pessoa ateando fogo à estátua. “Ainda não identificamos o suspeito, mas as pessoas estão trazendo que alguém foi ao local e ateou fogo. Vamos continuar as apurações para encontrar o suspeito e verificar a acusação de intolerância religiosa”, disse. O coordenador do Fórum Permanente das Religiões de Matrizes Africanas de Brasília e Entorno (Foafro), o ogã Luiz Alves, informou que considera que tenha sido mais um ato de intolerância religiosa. “Enquanto afroreligioso, considero que isso é, sim, um ataque à nossa cultura e religiosidade. Os ataques estão sendo minimizados e considerados violações. Se fizeram isso na prainha, a qualquer momento pode aparecer outra coisa. Até a hora que acontecer uma morte”, disse. A imagem já havia sido atacada no fim do ano, quando moradores de rua informaram que um carro parou no local e as três pessoas que estavam a bordo do veículo tentaram serrar o Opaxorô (cajado) da estátua. No mesmo dia, a imagem de Iemanjá foi apedrejada danificando as vestes da estátua. Outros casos Em novembro do ano passado, também no Distrito Federal, um terreiro de candomblé foi incendiado no Núcleo Rural Córrego do Tamanduá, no Paranoá. O fogo começou de madrugada e destruiu o barracão da casa. Cinco pessoas dormiam no local, mas ninguém ficou ferido. A suspeita dos frequentadores do terreiro é que o incêndio tenha sido motivado por intolerância religiosa. Luiz Alves falou sobre o ataque ocorrido na casa de mãe Baiana. “Os laudos estão sendo um segundo ataque às religiões de matriz africana. No caso de mãe Baiana, o delegado divulgou o laudo para a imprensa, mas até hoje não entregou para a principal interessada. Fizemos relatos durante as investigações que não foram levados em consideração”, afirmou. Dois templos foram atacados em setembro do ano passado em dois municípios goianos: um em Santo Antônio do Descoberto e outro em Águas Lindas. Ambos foram incendiados, sendo que o primeiro foi atacado três vezes. O terreiro Ilê Aira Axé Mersan Orun, localizado em Valparaíso de Goiás, foi atacado três vezes em menos de um ano. Em março, a casa da mãe Noeme de Iemanjá, no Céu Azul, região do entorno, também foi vítima de um ataque. O Centro Espírita Chão de Flores, em Sobradinho 2, foi incendiado em janeiro. O Centro Islâmico no Distrito Federal também teve itens religiosos danificados em uma invasão.