Delegado que indiciou Felipe Neto não vai mais participar de investigações que envolvam políticos e autoridades

Pablo Dacosta Sartori tem histórico de apoio à família Bolsonaro e suspeita de uso político do aparato policial

Felipe Neto (Reprodução/TV Globo)
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O secretário de Polícia Civil do Rio de Janeiro, Allan Turnowski, não quer mais que o delegado Pablo Dacosta Sartori, da Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI), investigue crimes cibernéticos que envolvam autoridades públicas.

Sartori é o delegado que intimou o youtuber Felipe Neto a responder por uma suposta violação à Lei da Segurança Nacional, em março, depois de uma ocorrência registrada pelo vereador e filho do presidente Bolsonaro, Carlos Bolsonaro (Patriota-RJ).

Além disso, o delegado Sartori já havia indiciado Neto em uma investigação sobre corrupção de menores, após o Ministério Público receber uma denúncia enviada por um cidadão, onde o influencer era acusado de supostamente ter divulgado material impróprio para crianças e adolescentes em seu canal no YouTube, o que, posteriormente, ficou comprovado não ser verdade.

Dessa maneira, Turnowski ordenou ao diretor do Departamento-Geral de Polícia Especializada do Rio, delegado Felipe Curi, que Sartori apenas investigue crimes cibernéticos de natureza geral, que não tenham personagens políticos ou autoridades envolvidas.

Para Turnowski, Sartori estava ficando muito exposto diante de "um possível uso político da Delegacia de Crimes de Informática". Tal desconfiança não é sem sentido, pois, Pablo Dacosta, atendendo outro pedido da família Bolsonaro, já apresentou uma notícia-crime contra os jornalistas William Bonner e Renata Vasconcelos por conta de uma reportagem sobre o Queiroz.

Para a professora de Direito Penal e Criminologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Luciana Boiteux, é preciso investigar a conduta de Sartori por abuso de autoridade. "“Não só por este já ter tomado medidas contra Felipe Neto, o que pode denotar algum tipo de perseguição, como também a Polícia Civil do RJ não tem atribuição para investigar crimes contra a segurança nacional”, disse a professora a Ponte.

Com informações da Época e Ponte.