Depois de pedir desculpas, Macri abaixa o tom e ensaia diálogo com Fernández

Assumindo a possibilidade de uma "alternância de poder", Macri prepara terreno para uma transição e conversa sobre políticas econômicas com Alberto Fernández, que compõe chapa com Cristina Kirchner e saiu vitorioso nas prévias

Foto: Fotos Públicas/Raoni Madalena
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Derrotado nas eleições prévias (PASO) da Argentina, no domingo (11), o presidente Maurício Macri adotou nesta quarta-feira (14) uma postura mais contida após ter causado polêmica por apontar a ex-presidenta Cristina Kirchner como causadora de resultados econômicos negativos. Macri assumiu erros na condução econômica, reconheceu que pode haver uma "alternância de poder" após a votação de outubro, e ligou para Alberto Fernández e conversou sobre a economia do país. Alberto Fernández e Cristina Kirchner impuseram uma derrota acachapante sobre Macri no domingo, registrando 47% dos votos contra 32% do atual mandatário. O resultado garantiria uma vitória em primeiro turno para a chapa kirchnerista nas eleições de outubro. O presidente, que incialmente deu declarações agressivas por não acreditar no resultado, adotou nesta quarta-feira uma postura mais tranquila, já preparando uma espécie de transição de governo, ou uma reação eleitoral inesperada. Ele admitiu responsabilidade no fracasso de seu governo neoliberal, anunciou medidas econômicas em benefício da população, e teve uma conversa telefônica com o possível futuro presidente, Alberto Fernández. "Ele de mostrou com a vocação de tentar levar a tranquilidade aos mercados", disse Macri em seu Twitter ao comentar sobre a chamada diante de uma "eventual alternância de poder" e afirmando que os dois manterão um canal de diálogo em aberto. Macri falou também que Alberto está comprometido em colaborar para que o processo eleitoral não afete a economia, em meio a um cenário ocada vez mais instável promovido principalmente pelas políticas do atual presidente. "Ele se comprometeu a colaborar em todo o possível para que este processo eleitoral, e a incerteza política que ele gera, afete o mínimo possível a economia dos argentinos", tuitou. A reação explosiva de Macri combinada com a vitória por uma larga vantagem dos kirchneristas assustou os mercados e gerou uma grande oscilação nos indicadores econômicos. A Argentina vive uma recessão econômica com altíssimos custos sociaisDados oficiais mostram que a inflação dobrou (25% para 56%), a pobreza cresceu (30% para 34%), a indigência quase dobrou (4,5% para 8%), o desemprego ultrapassou os 10%, o dólar triplicou (15 para 46 pesos) e até o consumo de leite e carne diminuíram a níveis alarmantes. https://twitter.com/mauriciomacri/status/1161700007969513472