Depósito em dinheiro de Queiroz ajudou mulher de Flávio Bolsonaro a pagar apartamento

MP do Rio indica que repasse de R$ 25 mil feito pelo ex-assessor ocorreu uma semana antes do casal quitar parcela de uma cobertura, revela jornal

Flávio Bolsonaro e Fabrício Queiroz - Foto: Reprodução
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Fabrício Queiroz depositou R$ 25 mil em dinheiro vivo na conta da mulher do hoje senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), quando era assessor do então deputado estadual. O depósito foi realizado pelo policial militar aposentado uma semana antes de o casal pagar a primeira parcela na compra de uma cobertura em construção na zona sul do Rio de Janeiro.

Amigo do presidente Jair Bolsonaro há quase 30 anos, Queiroz é apontado pelo Ministério Público do Rio como o operador de um esquema de corrupção no antigo gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do estado, onde ele exerceu mandato entre fevereiro 2003 e janeiro 2019. Segundo as investigações do chamado esquema da "rachadinha", Queiroz recolhia parte do salário dos funcionários para repassá-los ao filho do presidente.

Dados da quebra de sigilo bancário obtidos pelo MP e revelados pelo jornal Folha de S.Paulo indicam que o depósito, junto com outras movimentações financeiras na conta da dentista Fernanda Bolsonaro, foi feito para dar cobertura ao pagamento da entrada no imóvel.

Entre os outros valores, há também um crédito em espécie de R$ 12 mil realizado por uma pessoa cuja identidade é mantida sob sigilo pelas investigações.

Queiroz foi preso no mês passado na casa de Frederick Wassef, até então advogado de Flávio e do próprio presidente, no interior de São Paulo. Ele teve prisão domiciliar concedida pelo presidente do Superior Tribunal de Justiça, João Otávio de Noronha na semana passada.

Queiroz pagava contas da família

A investigação do MP do Rio já apontou outros pagamento de despesas pessoais da família feitos por Queiroz. Imagens da agência bancária do Itaú na Assembleia Legislativa mostram o então assessor pagando em dinheiro a mensalidade escolar das filhas de Flávio em outubro de 2018.

Os promotores suspeitam que a mesma dinâmica ocorreu no pagamento de outros 53 boletos da escola entre 2014 e 2018 feito com dinheiro vivo na boca do caixa. Eles somam R$ 153,2 mil. O mesmo ocorreu com a mensalidade do plano de saúde da família. Foram 63 boletos pagos em dinheiro entre 2013 e 2014, somando R$ 108,4 mil.

Também houve uso de dinheiro vivo na quitação de débito com uma corretora de valores e na compra de móveis para outro apartamento do casal. O uso de valores em espécie dificulta o rastreamento.

O MP também aponta para a lavagem de dinheiro do esquema em uma loja de chocolates do senador e na compra e venda relâmpago de pelo menos três imóveis na zona sul do Rio, em um total de 37 negociações de propriedades Flávio que estão sob suspeita.

Procurada pela Folha, a defesa do senador afirmou, em nota, que “não há nenhuma ilegalidade nas contas de Fernanda e de Flávio Bolsonaro”.

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