A desfaçatez no aumento do FUNDO PARTIDÁRIO

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Desfaçatez, é o minimo que podemos dizer sobre o aumento dos recursos destinados ao FUNDO PARTIDÁRIO. Se antes havia dúvida, agora não há mais e a presidente Dilma deu prova cabal do quanto está refém dos partidos. Fosse outra a sua situação, seguramente teria vetado a medida. Elevar o Fundo Partidário de R$ 308 milhões em 2014 para R$ 867 milhões, em um aumento de 171% (piada pronta?) é o maior atestado de divórcio entre o Sistema Político e o Povo. E isto numa realidade de ajuste fiscal, em que são exigidos cada vez mais sacrifícios da população, sendo que, nos próximos dias, o governo federal vai anunciar um corte orçamentário entre R$ 60 e 80 bilhões. Isso mesmo! Sancionar um aumento destes é de uma insensibilidade sem limites.  Eu próprio, neste espaço, há alguns anos, publiquei um artigo defendendo o fim do Fundo Partidário ( https://revistaforum.com.br/brasilvivo/2013/05/09/pelo-fim-do-horario-eleitoral-e-do-fundo-partidario/ ), mas vamos admitir que seria o caso de mante-lo. R$ 308 milhões já seria muito, tanto que a proposta orçamentária do governo previa uma pequena redução para R$ 289 milhões (assim como estão reduzindo o orçamento da educação, da saúde e tudo mais); não contentes, os deputados e partidos provocam uma elevação de mais de R$ 560 milhões. Isso é muito dinheiro em qualquer lugar do mundo! Vou dar o exemplo do programa CULTURA VIVA e dos Pontos de Cultura. Em 2004, começamos o programa com R$ 5 milhões de orçamento. Em função do êxito da ideia, conseguimos um aporte de R$ 55 milhões no Congresso e com isso foi possível dar um grande salto em 2005, até chegarmos a um orçamento máximo de R$ 120 milhões em 2009 (ou um quinto deste reajuste aos partidos). Qual o total de beneficiados com este orçamento máximo de R$ 120 milhões?  Mais de 8 milhões de pessoas em atividades de cultura, 900 mil em atividades regulares (participando de uma oficina artística, cursos, bibliotecas comunitárias, grupos de teatro, música e dança, orquestras, bandas, cineclubes, coletivos de cultura digital e audiovisual...), 33 mil pessoas em trabalho comunitário (metade voluntários), em mais de 3.000 Pontos de Cultura espalhados por 1.100 municípios do país, de aldeias indígenas e assentamentos rurais a favelas e universidades (dados IPEA/2009). Quando faço uma comparação como esta e quando vejo o quanto o programa Cultura Viva minguou (e continua minguando) sob o atual governo, sou tomado por um sentimento indescritível de tristeza e revolta. A que ponto chega a insensibilidade dos que governam em nome do povo!