Desmonte e muita repressão pela frente

Em artigo, o ex- secretário nacional de Juventude do governo Dilma, Jefferson Lima, afirma que a relação entre jovens e o poder público deve se tornar bastante conflituosa neste momento político, com o aumento da repressão e o retrocesso nas conquistas sociais adquiridas nos últimos anos.

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Em artigo, o ex- secretário nacional de Juventude do governo Dilma, Jefferson Lima, afirma que a relação entre jovens e o poder público deve se tornar bastante conflituosa neste momento político, com o aumento da repressão e o retrocesso nas conquistas sociais adquiridas nos últimos anos Por Jefferson Lima* A relação entre juventude e poder público deve se tornar bastante conflituosa neste atual momento do Brasil. A preocupação com o rumo das políticas públicas de juventude só aumenta com os anúncios e medidas adotadas na primeira semana do governo ilegítimo de Michel Temer. Nos últimos 10 anos , tivemos diversos e importantes avanços nas políticas para a juventude brasileira. Essas conquistas aconteceram graças às mais diversas mobilizações dos jovens e também pelo compromisso dos governos Lula e Dilma com essa nova geração. A última década assistiu a expressivos avanços na ampliação do acesso aos direitos sociais, com destaque para educação, os marcos legais (PEC e Estatudo da Juventude) e a compreensão do jovem como sujeito de direitos. Os sinais reais do governo golpista caminham na direção do fortalecimento do Estado policial, onde a repressão ganha cada vez mais importância. Se nós considerarmos os antecedentes, o passado do ministro-golpista da Justiça fala por si só e vemos o quanto está ligado à postura da repressão e a ataques aos direitos adquiridos. Quem conviveu com a sua gestão nos últimos anos em São Paulo sabe e conhece bem a política que ele defende para os jovens: TIRO, PORRADA e BOMBA. Como ele já bem afirmou, nenhum direito é absoluto e muito menos para os jovens que se manifestam e lutam pelos seus direitos e por mais conquistas sociais. Na visão de Alexandre de Moraes, os atos, as ocupações e a luta dos estudantes, dos jovens de todo Brasil - pela democracia, por mais educação, contra o roubo da merenda, pela Juventude Viva, entre outras - são considerados "atos de guerrilhas" e por isso precisam ser reprimidos. O primeiro sinal do governo ilegítimo foi acabar com as políticas transversais e a diversidade das políticas públicas. O fim do Ministério das Mulheres, Igualdade Racial, Juventude e Direitos Humanos têm o objetivo de secundarizar essas pautas e estrangular as diversas políticas inclusivas e transformadoras dos últimos anos. O que será do ProUni, FIES, das universidades, do Estatuto da Juventude, do ID Jovem e do Plano Juventude Viva, que reúne ações de prevenção para reduzir a vulnerabilidade de jovens negros a situações de violência física e simbólica, a partir da criação de oportunidades de inclusão social e autonomia para os jovens entre 15 e 29 anos? Um governo golpista e ilegítimo, liderado por Temer/Cunha e agora com Alexandre de Moraes, que não respeitou e não respeita a Constituição, manda seus recados e sinalizações contra as maiorias. Onde estão os jovens, os negros, as mulheres, os LGBTs, os quilombolas, indígenas nesse desgoverno? Em menos de uma semana assistimos o desmonte de toda a pauta social, responsável por importantes conquistas na última década. Pela frente, não é possível observar algo além de mais violência, repressão, encarceramento, privação de liberdade. É o caminho para um estado policial onde os direitos, as garantias constitucionais, principalmente dos jovens, dos mais pobres e negros serão restringidos, serão alvos de fortes ataques e reação dos movimentos combatidos com muito rigor. Neste momento, precisamos de muita unidade para reconquistar a democracia em nosso país e isso passa pela retomada da agenda social, duramente atacada no atual momento. *Jefferson Lima é ex- secretário nacional de Juventude do governo Dilma Foto de capa: Jornalistas Livres